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Dirceu se cala na CPI da Petrobrás

Indagado se era o líder da organização criminosa que agiu na Petrobrás entre 2004 e 2014, o ex ministro-chefe da Casa Civil invocou o direito ao silêncio

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Por Redação
Atualização:
 Foto: Estadão

 

 

Elizabeth Lopes e Ricardo Brandt - enviado especial a Curitiba

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Questionado se era o líder da organização criminosa que desviou bilhões da Petrobrás, e se pretendia fechar acordo de delação premiada, o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu (governo Lula), disse, em audiência da CPI da Petrobrás, que iria usar o direito de permanecer em silêncio. Condenado no mensalão, Dirceu está preso preventivamente desde 3 de agosto a pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato.

O ex-ministro foi questionado quatroze vezes e em todas elas se manteve em silêncio. A comissão chegou a sugerir ao ex-ministro que ele fosse ouvido em sessão fechada, mas nem assim ele se dispôs a falar.

O deputado Bruno Covas (PSDB-SP), um dos parlamentares desta comissão, chegou a dizer que seria interessante o ex-chefe da Casa Civil do governo Lula dizer como obteve tantos recursos, segundo as investigações, de forma ilícita, mas não conseguiu fazer com que o ex-ministro falasse. "Sob orientação de meu advogado, me reservo ao direito de permanecer em silêncio", repetiu Dirceu em resposta a uma série de perguntas feitas por parlamentares.

O criminalista Roberto Podval, que defende o ex-ministro, explica que, como Dirceu é alvo de investigação e está prestes a ser denunciado criminalmente pela Procuradoria, qualquer coisa que ele fale pode prejudicar o cliente, já que não se conhece a acusação.

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Podval disse que a CPI 'faz parte do jogo político'. "Na maioria, na medida do possível, as pessoas (parlamentares) foram educadas, corretas, tirando uma ou outra pergunta desnecessária, me parece. O jogo político não é a minha praia, trabalho no meio jurídico. Era o que deveria ser feito (Dirceu em silêncio). Talvez a CPI tenha sido desnecessária na medida em que está atrasada em relação a investigação. A CPI está vindo depois da investigação. É difícil colher dados em uma CPI quando a investigação está aí, as pessoas já estão presas. Fica difícil a CPi trabalhar."

Uma comitiva de parlamentares membros da CPI da Petrobrás foi a Curitiba para colher uma série de depoimentos de alvos presos da Operação Lava Jato. Além de Dirceu, serão ouvidos os presidentes da duas maiores empreiteiras do País Odebrecht e Andrade Gutierrez, Marcelo Bahia Odebrecht e Otávio Marques Azevedo.

É a segunda vez que os deputados da CPI desembarcam em Curitiba, sede das investigações da Lava Jato para ouvir alvos presos. Eles ficarão três dias, ouvindo depoimentos no prédio da Justiça Federal.

Nesta segunda-feira estão marcados os depoimentos de cinco pessoas, entre elas Dirceu, o presidente da Andrade Gutierrez e o ex-diretor de Internacional da Petrobras Jorge Zelada. Nesta terça-feira, 1, a CPI pretende ouvir seis pessoas: cinco executivos da construtora Odebrecht e um ex-funcionário da Petrobrás.

O relator da comissão, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), disse que a logística para os depoentes se deslocarem a Brasília é complicada, porque requer policiamento e aviões, por isso, a CPI decidiu que é mais prático se deslocar até o Paraná. A previsão é que a CPI fique em Curitiba até quinta-feira, tentando colher os depoimentos dos presos na Lava Jato. Os depoimentos estão sendo realizados no Foro da Seção Judiciária do Paraná.

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