O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu disse ao juiz federal Sérgio Moro, da Lava Jato, que construiu sua casa no município de Vinhedo, interior de São Paulo, com 'poupança' que alega ter feito do dinheiro que recebeu 'da anistia, do salário de funcionário da Assembleia Legislativa de São Paulo, de deputado ou de presidente do PT'. "Não tive outra renda, a não ser das sessões extraordinárias no Congresso e da rescisão contratual que fiz com a presidência do PT¨", afirmou durante o longo interrogatório a que foi submetido por Moro na sexta-feira, 29.
Veja a íntegra do depoimento:
"Não vamos esquecer que o sr. Gustavo Franco (presidente do Banco Central no governo FHC) pagou 27,5% de juro real durante três anos aos poupadores desse País, portanto meu patrimônio dobrou nesses tês anos", declarou Dirceu, preso desde 3 de agosto na Operação Pixuleco, desdobramento da Lava Jato.
Na audiência, a primeira pergunta do magistrado foi sobre o patrimônio que Dirceu possui. O ex-ministro relatou os imóveis que comprou. "Eu tenho em Vinhedo (interior de São Paulo) uma residência na rua Maracaí, condomínio Santa Fé. Comprei o terreno no ano de 2000, construí a casa durante quatro anos com recurso que eu recebi da anistia, das sessões extraordinárias do Congresso, da venda de parte da propriedade da minha esposa e do acordo salarial, rescisão contratual que fiz com a presidência do PT."
Dirceu disse que recebeu um atestado de idoneidade do Fisco. "Essa residência sofreu uma devassa da Receita na Ação Penal 470 (Mensalão) e todo o meu imposto de renda anterior de cinco anos recebeu atestado de honestidade até 2006, doutor Moro."
Descreveu o financiamento de um imóvel na Avenida República do Líbano, em São Paulo, pelo qual ainda lhe resta uma dívida de R$ 1 milhão.
O juiz pediu detalhes sobre cada item acrescido ao patrimônio do acusado. "Não tem problema, fique à vontade, vim aqui prestar esclarecimentos à Justiça."
Diante de contradições acerca do valor de um outro imóvel, na Alameda Xingu, também em Vinhedo, o ex-ministro lamentou o fato de estar na cadeia e não poder verificar os dados pessoalmente- ele disse que comprou a casa por 'duzentos e tantos mil reais', mas a denúncia da Procuradoria da República afirma que o montante ultrapassou R$ 500 mil. "Eu tenho que tomar conhecimento disso. Como estou preso e totalmente sem condição, não posso ir atrás dos investigados para me informar, para obter informação."