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Diplomacia solidária para o pós-pandemia

Por Maria Celina de Azevedo Rodrigues
Atualização:
Embaixadora Maria Celina de Azevedo Rodrigues. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Em determinadas ocasiões da história mundial, a diplomacia profissional é colocada à prova. O atual momento tem sido extremamente marcante para as relações internacionais. De um lado, nações e instituições de diferentes países se unem para a coordenação de uma série de esforços para o combate à covid-19, a exemplo da articulação de medidas para buscar uma vacina, assim como, por exemplo, em alguns países o fechamento de fronteiras que minimizaram a proliferação do contágio. Por outro lado, a tentação em encontrar culpados pelo surgimento do vírus e sua proliferação fragilizou ações urgentes de cooperação tanto nacionais quanto internacionais.

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Após mais de cinco meses vivenciando o cenário de pandemia mundial, noto que o novo coronavírus deixou evidentes laços de solidariedade tanto entre as pessoas, quanto entre as nações. Por outro lado, vejo igualmente determinados Estados inclinados a quebrar importantes regras da diplomacia.

Um dos objetivos mais importantes da diplomacia é encontrar - sobretudo nos momentos de crise mundial mais acirrada - um "bare minimum" (da expressão em inglês para o mínimo necessário) para um relacionamento saudável entre as nações, com comunicação fluida, sem rompimentos que possam prejudicar ainda mais as pessoas. Esse é um dos maiores orgulhos e característica marcante da diplomacia brasileira, pois o Brasil é um dos poucos países que mantêm relações diplomáticas com quase todos os Estados do mundo.

Como presidente da entidade que congrega os mais de 1600 diplomatas brasileiros (ADB-Sindical), busquei contribuir, por meio de webinars, com o que a diplomacia brasileira é internacionalmente conhecida por fazer de melhor: promover diálogos que propiciem saídas para desafios e impasses aparentemente insolúveis. Com esse propósito, convidei autoridades, especialistas e influenciadores, nas mais diversas áreas estratégicas, que pudessem contribuir - com debates e posicionamentos plurais - na indicação de elementos para a construção de uma nova ordem mundial no pós-pandemia.

Os debates em torno de temas fundamentais para o desenvolvimento do país e para as relações com outras nações foram muito enriquecedores. Aportar diferentes visões - sobre o processo de repatriação de nacionais durante a pandemia, diplomacia comercial, retomada econômica, imagem do Brasil, direitos humanos, promoção cultural e relação com o meio ambiente - permitiu vislumbrar novos caminhos para a sociedade brasileira e sua inserção internacional.

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Minha conclusão particular, após ouvir debatedores instigantes, é que a solidariedade é o princípio que deve nortear a atuação dos líderes mundiais e dos diplomatas, não apenas neste momento mais agudo da crise, como também no futuro. O diálogo, a tolerância, a empatia, o aprofundamento do conhecimento e, principalmente, a adoção de uma agenda conjunta devem pautar a reconstrução mundial e a criação de melhores condições de vida para todos. E nisso os diplomatas brasileiros têm ampla e longa experiência.

*Maria Celina de Azevedo Rodrigues é embaixadora e presidente da Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB/Sindical), tendo sido chefe da embaixada brasileira em Bogotá, na Colômbia; cônsul-geral do Brasil, em Paris, na França e junto à representação brasileira para a Comunidade Europeia, em Bruxelas, na Bélgica

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