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'Diga que você é autista e pare de usar focinheira', sugere mulher para se livrar da máscara contra a covid

Natasha Borges disse ser uma pessoa com autismo ao ser abordada por funcionário de shopping no Recife por não estar usando o equipamento de proteção, o que provocou imediata reação nas redes; com a repercussão do caso, ela tentou se retratar e afirmou não ter chamado pessoas com espectro autista de 'doidas'

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Por Jayanne Rodrigues
Atualização:

Em post no Instagram, a bióloga incentivou outras pessoas a não utilizarem a máscara alegando ser uma pessoas com espectro autista. Foto: Reprodução/ instagram

O influenciador potiguar Ivan Baron denunciou em suas redes sociais um vídeo que circula na internet, considerado capacitista - discriminação ou preconceito contra pessoas com deficiência. Nas imagens, a bióloga Natasha Borges descreveu ter fingido ser uma pessoa com autismo para não usar máscaras em locais que obrigam o uso do item. "Não dá mais para tolerar gente querendo criar fama em cima de práticas capacitistas", escreveu Baron. Com a repercussão do caso, a mulher se manifestou em sua conta oficial no Instagram. Ela argumentou que houve falta de interpretação, e se referiu às pessoas que criticaram sua conduta como "sem noção, escravo do Estado e debiloide". Segundo informações da Polícia Civil de Recife, a bióloga será intimada a prestar depoimento na delegacia de Boa Viagem. Confira o vídeo:

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No registro feito pela própria Natasha, ela detalhou que estava em uma reunião que ocorreu no shopping RioMar, em Recife, zona sul da capital. Conforme relato da mulher, após um funcionário solicitar que ela colocasse a máscara, ela disse: "Não, porque eu sou autista". Segundo Natasha, o colaborador perguntou em tom de preocupação se ela estava acompanhada. Ela alegou que estava procurando a mãe. Na sequência, ela afirmou que foi em uma loja e novamente pediram o item de proteção. Ela respondeu da mesma forma. "Tá todo mundo doido e a gente se faz de doido", contou rindo. "Não usei minha máscara para nada", finalizou. O caso aconteceu na quarta, 23, mas foi repercutido nesta quinta-feira, 24.

No post compartilhado pelo influenciador, ele pede para que os seguidores "não sigam o exemplo" da mulher. Na sequência, menciona que é ciente que existe uma lei federal que abre exceção para pessoas com autismo e com deficiências sobre o uso da máscara. É a lei nº 14.979/2020. No entanto, Baron ressalta que a problemática está na maneira como a bióloga tratou o tema de forma vexatória. "A moça do vídeo usa desse fato para zombar e reproduzir o capacitismo". Ele considerou o comportamento de Natasha "gravíssimo", pois "mostra o quanto pessoas neuroatípicas são desrespeitadas todos os dias". 

Os internautas classificaram que a conduta e a manifestação da mulher foi "irônica e sem empatia alguma". Natasha fez dois vídeos comentando o caso. Em um deles, a bióloga incentiva os seguidores a lerem a lei federal para compreender o ponto de vista defendido por ela. "Diga que você é autista e pare de usar sua focinheira. Porque é melhor ser autista do que ser cachorro", ofertou. 

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Em outro vídeo se retratando, ela afirmou que não chamou pessoas com autismo de "doidas". Na justificativa, alegou que as críticas contra ela são apenas falta de interpretação e senso. Nos stories, ela reiterou que "não tem nada contra autistas" e compartilhou mensagens de apoio que recebeu nas últimas horas. Essa não é a primeira vez que a bióloga se envolve em polêmicas a respeito de normas para conter o avanço do coronavírus. Em um vídeo divulgado no instagram, Natasha se revoltou com funcionários de um zoológico por causa da obrigatoriedade do passaporte de vacinação. Ela registrou e publicou a confusão. 

COM A PALAVRA, NATASHA BORGES

A reportagem do Estadão entrou em contato com Natasha via Instagram, mas até a publicação deste texto não houve retorno. O espaço está aberto para manifestação (jayanne.rodrigues@estadao.com).

COM A PALAVRA, SHOPPING RIOMAR RECIFE

"O RioMar Recife repudia quem usa de uma causa justa e coletiva para obter vantagens individuais. Quanto ao caso em questão, após afirmar que era autista, o nosso segurança partiu do pressuposto da boa-fé solicitando a presença de um acompanhante, com uma abordagem educativa, uma vez que não temos poder de polícia.

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Por fim, o uso obrigatório de máscara atende ao protocolo de vigilância sanitária do Governo do Estado de Pernambuco, conforme determina a lei estadual 16.918 de 18 de junho de 2020."

 

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