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Diagnóstico precoce na gravidez pode excluir a pré-eclâmpsia

Problema está entre principais causas de mortalidade materna no mundo

Por Eduardo Cordioli
Atualização:

Eduardo Cordioli. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

De acordo com a Pré-Eclâmpsia Foundation, a pré-eclâmpsia acomete de 5 a 8% das gestações e é responsável por aproximadamente 76 mil mortes maternas e de 500 mil bebês no mundo a cada ano[1]. No Brasil, esta incidência pode chegar a 10%[2] e a doença causa 23% das mortes maternas no país[3].

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Caracterizada pela elevação da pressão arterial[4] e/ou alto nível de proteína na urina durante a gravidez, o problema vem acompanhado de sintomas como inchaço, ganho de peso repentino, dor de cabeça e alterações na visão. Se não for diagnosticada e controlada precocemente, pode acarretar convulsões, acidente vascular cerebral (AVC), hemorragia, dano renal, insuficiência hepática e até levar a óbito.

Entre os fatores de risco estão obesidade, histórico familiar, gestações no início da adolescência ou com idade superior a 40 anos, doença renal ou pressão arterial elevada. Eles podem aumentar as chances de a mulher desenvolver pré-eclâmpsia e é preciso compartilhar esse histórico com o médico desde a primeira consulta do pré-natal.

É a partir da vigésima semana de gravidez4 que o cuidado deve ser redobrado, pois é quando pode ser descoberta. O diagnóstico convencional no Brasil é feito por meio de aferição de pressão arterial nas consultas de pré-natal e realização de pesquisa de proteína na urina (fita reagente).

No entanto, novos estudos relacionados ao problema apontaram que dois fatores presentes no sangue das gestantes são importantes na fisiopatologia da doença: o fator de crescimento placentário (PlGF) e a tirosina quinase-1 (sFlt-1)[3] - [4]. Esta descoberta pode impactar positivamente na gestação de muitas mulheres e na vida de seus futuros filhos, pois permite medir a relação entre eles e avaliar o risco de desenvolvimento da doença por meio de modernos testes laboratoriais como o exame de biomarcadores para pré-eclâmpsia.

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Na prática, isso significa que a futura mamãe consegue excluir as suspeitas da doença de antemão apenas com a dosagem desses biomarcadores. Realizado por análise sanguínea, o exame pode ajudar na tomada de decisão do médico de forma rápida, precisa e segura, evitando partos prematuros e procedimentos desnecessários.

Uma equipe de cientistas do King's College London publicou um estudo em maio de 2019 no The Lancet[5] no qual avaliou 11 maternidades em um período de 16 meses no Reino Unido, cada uma responsável por 3 mil a 9 mil partos por ano. A equipe inscreveu 1.035 mulheres com suspeita de pré-eclâmpsia que foram aleatoriamente designadas para dois grupos. Um deles teve os resultados do teste PlGF disponibilizados para sua equipe clínica, enquanto o outro recebeu cuidados habituais com testes ocultos adicionais.

Os pesquisadores descobriram que o teste PlGF reduziu o tempo médio para o diagnóstico de pré-eclâmpsia de 4,1 dias para 1,9 dias, além das taxas de complicações graves antes do nascimento (como eclâmpsia, acidente vascular cerebral e morte materna), que caíram de 5% para 4%.

A identificação precoce da doença proporciona mais segurança e precisão no aconselhamento médico, evitando internações desnecessárias e garantindo um melhor atendimento durante o término da gestação.

*Eduardo Cordioli, médico graduado pela Universidade Federal de São Paulo com residência médica e mestrado em Ginecologia e Obstetrícia com foco em Obstetrícia de Alta Complexidade e Medicina Fetal. É o responsável médico pelo Centro de Telemedicina do Hospital Israelita Albert Einstein

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[1] Preeclampsia Foundation. Disponível em: https://www.preeclampsia.org/health-information/about-preeclampsia Acesso em 28/10/2019

[2] Ministério da Saúde. DATASUS Disponível em:

[3] Dias et al. BMC Pregnancy and Childbirth (2019) 19:343

[4] MA Brown et al Pregnancy Hypertension 13 (2018) 291-310

[5] KE Duhig, et al Lancet 2019; 393: 1807-18

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