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Dia da Vitória e o discurso de Putin

Por Ney Lopes
Atualização:
Ney Lopes. FOTO: ALEX SILVA/ESTADÃO Foto: Estadão

Nesta segunda-feira, 9 de maio, duas datas importantes no continente europeu: o dia da Vitória e da União Europeia.

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O dia da Vitória é comemorado na Rússia para lembrar o triunfo soviético sobre o regime nazista de Adolf Hitler, que causou a morte de 27 milhões de russos, ucranianos e bielorrussos.

Ao contrário do esperado, o discurso de Putin foi, em parte, um alívio para o mundo, por não ter se referido ao uso de armas nucleares no conflito com a Ucrânia, não se comprometeu com nenhum novo objetivo bélico, nem fez qualquer declaração que contribua para uma escalada do conflito.

Entretanto, não demonstrou propósito de cessar fogo. Silenciou.

O pronunciamento baseou-se na glorificação do passado soviético e na vitimização de uma Rússia obrigada a intervir na Ucrânia.

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O desfile aéreo foi cancelado, em razão de fatores meteorológicos.

Montou-se cenário de pompa para glorificar o ditador Putin, que ficará no poder até 2036. Se conseguir esse feito terá completado 36 anos no Kremlin, mais do que Stalin, que foi Presidente durante 29 anos.

Após o sino do Kremlin tocar às 10 horas local (4 horas no Brasil), Putin falou na Praça Vermelha, antes do desfile de 11 mil soldados e 131 peças de equipamento militar.

Deixaram de sobrevoar os aviões supersônicos, bombardeiros nucleares e o Il-80 (conhecido também como o avião do apocalipse, por ser um centro de comando aéreo em caso de guerra nuclear).

As comemorações além da Rússia, se realizam nos antigos países da URSS, à exceção da Estónia, Lituânia e Letónia, que veem a data como a celebração do invasor (Riga, inclusive, aprovou uma lei que designa o dia de evocação das vítimas da guerra na Ucrânia, proibindo todas as festividades).

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Há ainda os casos da Moldávia e da Croácia, que, de forma pragmática, festejam ao mesmo tempo o dia da Europa e da vitória.

Já na Ucrânia, depois da anexação da Crimeia, a data passou a chamar-se Dia da Vitória sobre o Nazismo na Segunda Guerra Mundial, fórmula encontrada para se diferenciar da Rússia considerado país invasor.

O presidente Zelensky disse que Ucrânia não permitirá que Rússia se aproprie da vitória da II Guerra sobre o nazismo.

Declarou que "hoje celebramos o Dia da Vitória sobre o nazismo. Temos orgulho de nossos antepassados que juntamente com outras nações anti-Hitler derrotaram o nazismo. E não permitiremos que ninguém anexe essa vitória. Não permitiremos que ela seja apropriada".

O dia da União Europeia, ou da Europa, também celebrado hoje, lembra o dia 9 de maio de 1950, em que o estadista francês Robert Schumann avançou com a proposta de uma entidade europeia supranacional.

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A data tornou-se um símbolo europeu que, juntamente com a bandeira, o hino e a moeda única (o euro), identifica a identidade política da União Europeia.

O Dia da Europa constitui uma oportunidade para desenvolver atividades e festejos que aproximam a Europa dos seus cidadãos e os povos da União entre si.

O objetivo é destacar uma paz duradoura, a cooperação económica e a criação de um espaço sem fronteiras.

A presidente da Comissão Europeia Úrsula von der Leyen fez declaração de que a Europa está mais forte que nunca. Em mensagem divulgada no Twitter disse que o que Rússia tem feito reafirma a importância de celebrar esta data.

A humanidade perplexa assiste à destruição diária da Ucrânia, sem que seja possível um armistício.

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Os exemplos dos males do nazismo na II Guerra Mundial devem inspirar as lideranças globais, na busca permanente de uma solução para o drama ucraniano.

Com a liberdade humana não se pode transigir!

*Ney Lopes, jornalista, ex-deputado federal, professor de direito constitucional da UFRN, presidiu a CCJ na CF, procurador federal e advogado

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