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Dia da separação inicia contagem de tempo para contestar doação

Ministros do Superior Tribunal de Justiça decidem que data é o marco temporal a ser considerado para a incidência do prazo de decadência

Por Fernanda Yoneya e Ricardo Brandt
Atualização:

FOTO: STJ/DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Os ministros da Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiram que a data da separação judicial é o marco temporal a ser considerado para a incidência do prazo de decadência para contestar doação feita por cônjuge sem autorização do outro.

Documento

ACÓRDÃO

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O acórdão foi tornado público no site do STJ.

Segundo informações divulgadas no site da Corte superior, os ministros rejeitaram a tese de que, para fins da incidência do prazo decadencial previsto no artigo 1.649 do Código Civil, deveria ser considerada a data da separação de fato.

No caso, o cônjuge que recorreu ao STJ doou para as filhas as ações da empresa familiar, logo após a separação de fato e sem autorização do outro.

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A ministra relatora do recurso, Nancy Andrighi, lembrou que o STJ considera que a data da separação de fato gera "determinados efeitos jurídicos", como o fim do regime de bens, mas, no caso em discussão, é incontestável que o bem doado era efetivamente do casal.

A controvérsia, segundo a magistrada, é estabelecer o marco temporal para contestar a doação não autorizada. O casal se separou de fato em janeiro de 2003, mas a separação judicial foi concluída em setembro de 2007. O cônjuge que se sentiu prejudicado com a doação contestou o feito em agosto de 2009, dentro, portanto, do prazo de dois anos previsto no Código Civil para tais casos.

Pleno conhecimento. Para a relatora, o prazo legal foi estabelecido dessa forma já que, muitas vezes, somente na separação judicial o casal passa a ter pleno conhecimento de todos os negócios efetuados pelas partes, inclusive no período após a separação de fato.

"A par da literalidade da lei, há de ser levado em conta que, diferentemente da separação de fato, a separação judicial - ou o divórcio - implica o arrolamento e a partilha dos bens do casal, momento em que, muitas vezes, um dos cônjuges toma conhecimento da celebração pelo outro do negócio jurídico eivado de vício", explicou a ministra.

Nancy Andrighi rejeitou outros argumentos do recurso, como a contestação feita a indenização imposta após a anulação da doação, decorrente de perdas e danos em favor do cônjuge que não anuiu com a doação.

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A magistrada lembrou que não houve questionamento de leis violadas, o que impede a análise do STJ sobre o feito. Para a relatora, o acórdão do Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJSC) está correto em todos os pontos e deve ser mantido na íntegra.

O voto da ministra foi acompanhado por unanimidade pelos demais ministros da Terceira Turma.

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