O deputado estadual Campos Machado (PTB) entrou com requerimento, nesta terça, 14, junto ao Tribunal de Contas de São Paulo pedindo esclarecimentos sobre um contrato de R$ 146 milhões firmado entre o Poupatempo e a empresa da família de Maria Cristina Boner Léo, ex-mulher do advogado Frederick Wassef que, até mês passado, defendia e prestava consultorias à família Bolsonaro.
A informação sobre o envolvimento da empresária no contrato foi divulgada no domingo, 12, pela revista Veja. A Prodesp, que administra o Poupatempo em São Paulo, informou que a empresa venceu licitação, passou pelo crivo dos órgãos de fiscalização e está habilitada a assumir o contrato.
"Sem prejuízo de uma acurada investigação sobre a legalidade e a legitimidade do processo licitatório, correspondente ao contrato de gestão dos postos do Poupatempo no estado, (...) se faz urgente e necessário, e sem qualquer pré-julgamento, de quem quer que seja, a análise dos pré-requisitos de idoneidade", afirma o deputado no documento encaminhado ao presidente da Corte de Contas, conselheiro Edgard Camargo Rodrigues.
O parlamentar diz que o pedido de explicações decorre do 'acervo de notícias, levantando peculiaridades do "Modus Operandi" da Senhora Cristina Boner, através de empresas, consórcios, denúncias e envolvimento em escândalos de corrupção'.
Campos, que é líder do PTB na Assembleia Legislativa de São Paulo, argumenta que a empresária tem histórico em casos suspeitos e sob investigação e cita o chamado 'Mensalão do DEM' e o suposto esquema de propinas operado no governo de José Roberto Arruda no Distrito Federal - ambos investigados pela Operação Caixa de Pandora.
Campos destaca, ainda, que 'trata-se de um grupo empresarial frequentemente acusado de envolvimento em negócios suspeitos, que agora vai gerenciar serviços de altíssima relevância para o cidadão paulista'.
COM A PALAVRA, A PRODESP, QUE ADMINISTRA O POUPATEMPO DE SP
"A Prodesp esclarece que a empresa 3P Brasil, vencedora da licitação de um dos lotes para prestação de serviços do Poupatempo atende a todos os critérios exigidos de participação, assim como as demais empresas classificadas, e está habilitada a assumir o contrato e sem nenhum impedimento jurídico. A concorrência cumpriu todas as exigências, conforme determina a Lei de Licitações e passou pelo crivo dos órgãos de fiscalização.
A empresa presta serviços não só ao governo de São Paulo, mas a inúmeras outras instituições há décadas. No caso do Poupatempo, todas as contratações sempre foram feitas, por licitação, com o crivo do Tribunal de Contas e demais órgãos de controle."
COM A PALAVRA, A GLOBALWEB
Em relação a matéria publicada pelo blog do Fausto Macedo, a Globalweb repudia as ilações do referido parlamentar e esclarece que o contrato com a PRODESP foi conquistado por meio de um disputado pregão eletrônico aberto, que contou com a participação de dezenas de empresas concorrentes e com centenas de lances. O Edital de Licitação previa a contratação dividida em sete lotes regionais distintos sendo que uma mesma empresa não poderia ganhar mais do que um lote. No certame, sagrou-se vencedora de cada lote a empresa que ofereceu o maior desconto em relação ao preço estabelecido pela PRODESP. A Empresa, após a disputa eletrônica, venceu de forma lícita um dos lotes e mais seis outras empresas diferentes foram declaradas vencedoras dos demais lotes. Todas as sete vencedoras já assinaram contrato com a PRODESP, com valores muito equivalentes. A Globalweb reitera ainda que tem uma área de Compliance muito atuante, Comitê de Ética, governança, auditoria interna e externa, central de denúncias e um quadro de executivos de mercado que demonstra a lisura e a correção em todas as suas ações comerciais. Qualquer referência a eventual irregularidade nos contratos da Globalweb é, portanto, indevida, precipitada e lesiva à sua imagem e à sua atuação comercial.
Pedro Rondon, CEO da Globalweb
COM A PALAVRA, MARIA CRISTINA BONER LÉO
A reportagem busca contato com a empresária. O espaço está aberto para manifestações.