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Deputado do PP teria recebido R$ 159 mil de esquema, diz PF

Nelson Meurer (PP/PR) aparece na contabilidade do Posto da Torre, reduto de doleiros da Lava Jato; juiz manda documentos para STF

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Por Redação
Atualização:

Por Beatriz Bulla, Talita Fernandes e Mateus Coutinho

Deputado Nelson Meurer (PP/PR). Foto: Zeca Ribeiro/Agência Câmara

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A Justiça Federal do Paraná encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) trecho de investigação em que o deputado Nelson Meurer (PP-PR) é citado como beneficiário do esquema de corrupção e lavagem de dinheiro deflagrado na Operação Lava Jato.Ele é suspeito, segundo laudo da PF, de ter recebido R$ 159 mil do esquema.

A petição chegou ao STF no dia 13 de janeiro e foi encaminhada ao gabinete do ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo. Como o caso tramita em segredo de justiça, os autos foram diretamente para o gabinete do ministro e só poderão ser abertos na volta do magistrado após o fim recesso judiciário, que acaba em janeiro.

Em dezembro, o juiz federal Sergio Moro, que conduz as ações da Lava Jato na Justiça do Paraná, proferiu despacho em que decide enviar ao Supremo o material da investigação que, incidentalmente, identifica Meurer. O Supremo é a Corte responsável pelas investigações contra autoridades com foro privilegiado - caso dos deputados federais.

De acordo com despacho do juiz, do dia 18 de dezembro de 2014, a Polícia Federal "encontrou lançamentos efetuados a título de "Nelson" e "Nelson Meurer" nos anos de 2008 e 2009. Moro se refere a um laudo pericial feito a partir de provas capturadas em março de 2014, quando a Lava Jato foi deflagrada, e que foram concluídas em outubro do ano passado. Ao analisar a contabilidade, peritos da PF identificaram uma movimentação total de R$ 159 mil nas contas do posto registradas em nome de "Nelson" e de "Nelson Meurer", entre dezembro de 2008 e janeiro de 2009.

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"Trata-se novamente de encontro fortuito de provas, não estando o fato no prognóstico inicial da investigação", escreveu. Foram examinados registros eletrônicos de contabilidade do Posto da Torre, em Brasília - posto que batizou a Operação de Lava Jato.

VEJA A TABELA COM A CONTABILIDADE PARALELA DO POSTO DA TORRE NA QUAL MEURER É CITADO:

 Foto: Estadão

Nas palavras de Moro, embora seja "prematura" uma conclusão a respeito do envolvimento de Meurer, os lançamentos podem ser referentes a pagamentos feitos por Chater, a pedido de Youssef, ao parlamentar. No despacho, o juizo aponta que no curso das investigações foram descobertas provas referentes a supostos crimes praticados por outros parlamentares como André Vargas (Sem partido - PR), Fernando Collor (PTB-AL) e Luiz Argôlo (SD-BA), todos remetidos ao STF.

Procurado, o parlamentar negou que tenha sido beneficiado pelo esquema de corrupção. "Primeiro que eu não sei se existe esse posto em Brasília. Nunca recebi recurso nenhum, a não ser oficial que está registrado na minha prestação de contas em 2010. Nem conheço e nem sei quem é esse cara do posto da Lava Jato", respondeu Meurer.

Delação. O envolvimento de Nelson Meurer como um dos beneficiários do esquema de corrupção já havia sido revelado. Em reportagem publicada pelo Estado em 19 de dezembro de 2014, Meurer aparece entre os parlamentares citados pelo ex-diretor da Petrobrás Paulo Roberto Costa em depoimentos feitos à Polícia Federal no acordo de delação premiada.

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