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Deltan diz que desfecho de julgamento para afastá-lo da Lava Jato será recado para investigações de combate à corrupção

Em sua conta no Twitter, líder da força-tarefa em Curitiba negou irregularidades e afirmou que resultado de processos administrativos abertos contra ele pode intimidar colegas procuradores e promotores

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Por Rayssa Motta
Atualização:

Deltan Dallagnol. FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO  

Prestes a ser julgado pelo Conselho Nacional do Ministério Público por reclamações que podem afastá-lo em definitivo da Operação Lava Jato, o coordenador da força-tarefa em Curitiba, Deltan Dallagnol, disse nesta segunda, 17, que o resultado dos processos administrativos abertos contra ele pode colocar em cheque a independência de procuradores e promotores que trabalham em nome do combate à corrupção.

"O que está em jogo não é apenas o meu futuro ou o da Lava Jato. O exemplo que vai ficar será um recado para o futuro de promotores e procuradores. Eles poderão trabalhar contra a corrupção de modo combativo como trabalhei, sem medo de sofrerem retaliações?", escreveu o procurador da República em sua conta no Twitter. "Não é sobre mim, mas sobre o trabalho incansável de tantos colegas que não podem se sentir ameaçados por simplesmente fazer o seu trabalho contra criminosos poderosos", completou.

 Foto: Estadão

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Deltan também disse que o julgamento não tem relação com irregularidades nas investigações da Lava Jato e que suas manifestações 'sempre estiveram focadas na causa anticorrupção, que é apartidária'.

"Jamais defendi pautas partidárias, ideológicas, candidatos ou partidos", afirmou. "Após 6 anos de Lava Jato, eu jamais fui punido ou sequer foi instaurado processo disciplinar por meus atos em investigações e processos, analisados com lupa pela Justiça e sociedade", emendou o procurador.

 Foto: Estadão

Com desfalque de três membros, o Conselho Nacional do Ministério Público deve julgar nesta terça-feira, 18, dois procedimentos administrativos disciplinares contra o líder da Lava Jato apresentados pelos senadores Renan Calheiros (MDB-AL) e Kátia Abreu (Progressistas-TO).

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A parlamentar, que é alvo da operação, questiona pagamentos recebidos por Deltan por palestras e o acordo firmado pela Lava Jato Paraná com a Petrobrás para destinar R$ 2,5 bilhões recuperados pela força-tarefa a um fundo gerido pelos procuradores.

Já o pedido de Renan Calheiros acusa o procurador de atuação político-partidária por ter feito campanha contra a eleição do emedebista para o comando do Senado em 2019.

"Se Renan for presidente do Senado, dificilmente veremos reforma contra corrupção aprovada. Tem contra si várias investigações por corrupção e lavagem de dinheiro. Muitos senadores podem votar nele escondido, mas não terão coragem de votar na luz do dia", escreveu o procurador no Twitter em janeiro do ano passado, quando defendeu o voto aberto para eleição do Senado.

Mais cedo, o ministro Luiz Fux, vice-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu que a advertência aplicada pelo CNMP a Deltan no ano passado não deve ser considerada no julgamento. Na prática, a medida garante uma espécie de ficha de 'bons antecedentes' do procurador - ou seja, é como se o chefe da La Jato no Paraná ainda não tivesse sido alvo de punição pelo órgão, o que pode livrá-lo de uma penalidade ainda maior agora.

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