O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp) entrou com uma ação na Justiça pedindo que o coordenador do Movimento Brasil Livre (MBL), Renan dos Santos, seja obrigado a apagar um vídeo, publicado na semana passada, em que acusa delegados de receberam propina para soltar pessoas presas pela Polícia Militar.
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LEIA A AÇÃO MOVIDA PELOS DELEGADOSO Sindpesp também exige indenização de R$ 40 mil por danos morais e a publicação de uma nota de retratação em todas as contas usadas por Renan nas redes sociais.
No vídeo, o ativista, conhecido como 'Renan do MBL', aponta a existência de uma cultura de corrupção e impunidade nutrida pelos delegados. "Uma das coisas mais frustrantes para um policial, e vários amigos policiais, inclusive que gostam do MBL, comentam isso, é quando você faz uma operação, você leva um bandido para a Delegacia de Polícia Civil, o policial militar leva ele lá, e aí esse cara eventualmente é um 'playboy', o pai dele tem contato com o delegado, ou eventualmente é um bandido que tem conexões com a Polícia Civil, e aí o cara é liberado, o 'malandro' é liberado. Às vezes paga uma propina para um delegado de Polícia Civil, tem um contato ali com os investigadores, e nada acontece", afirma Renan no vídeo publicado no canal do MBL no YouTube.
A entidade civil foi criada em 2014 e ganhou protagonismo com o mote de combate à corrupção durante o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). No YouTube, o canal do MBL conta com mais de 1 milhão de seguidores. O vídeo contestado pelos delegados foi assistido mais de 125 mil vezes.
A ação movida pelos delegados sustenta que a crítica é 'ampla e infundada contra toda categoria'. "Tal situação causa ampla humilhação da categoria representada pelo autor , afetando diretamente a honra, imagem e dignidade de todos os delegados do estado de São Paulo (...) Além de sofrerem abusos diários em sua profissão, não apenas de criminosos apreendidos e de concepções errôneas de uma parcela da população atendida, agora deverá também lidar com a repercussão de tal comentário que poderá causar ainda maior desconforto e desconfiança da população quanto aos delegados", escreveu o advogado Fábio Luiz Santana no pedido encaminhado à Justiça paulista.
A presidente do sindicato, Raquel Kobashi Gallinati, classificou a manifestação do coordenador do MBL como 'equivocada' e 'desrespeitosa'. "O Sindicato dos Delegados repudia qualquer ato de corrupção, seja ele praticado por policiais ou por qualquer outro agente público ou político e atua para que nossas instituições sejam aperfeiçoadas", afirma.
COM A PALAVRA, RENAN DOS SANTOS
A reportagem busca contato com Renan dos Santos. O espaço está aberto a manifestação (rayssa.motta@estadao.com).