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Delegados reagem a uso da imagem da PF por Bolsonaro como 'marketing político' e ameaçam até parar

Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal anunciou a aprovação de uma série de medidas em reação ao que chamam de 'clara omissão' do governo Jair Bolsonaro com relação à reestruturação de carreiras da corporação

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Por Pepita Ortega
Atualização:

O presidente Jair Bolsonaro. Foto: Dida Sampaio/Estadão

Em meio a um clima de inconformismo com os 5% anunciados pelo governo a título de reajuste para todo o funcionalismo, os delegados da Polícia Federal anunciaram nesta quinta-feira, 21, a aprovação de uma série de medidas em reação ao que chamam de 'clara omissão' do governo Jair Bolsonaro com relação à reestruturação de carreiras da corporação. Entre ações previstas pela classe estão a recomendação para que delegados não realizem viagens em missão sem o pagamento prévio de diárias e o envio de um ofício ao Diretor-Geral Márcio Nunes de Oliveira para que, em 30 dias, ele estabeleça critérios para compensação ou remuneração do sobreaviso da classe.

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Junto da Federação Nacional dos Policiais Federais e de demais entidades que representam os integrantes da PF, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal participará das manifestações da classe marcadas para o próximo dia 28, em todo País. Os delegados falam em carreatas e manifestações em frente às unidades dos órgãos.

Além disso, a ADPF aprovou um indicativo de paralisação das atividades juntamente com as associações que representam a categoria, o qual será ratificado em uma assembleia geral extraordinária prevista para o dia 2 de maio. Os delegados citam ainda uma 'cobrança pública e direta' do ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres, a partir de tal data, caso não seja assinada a Medida Provisória da reestruturação da PF até lá.

Os delegados ainda querem marcar reuniões com presidenciáveis para 'expor a necessidade de um verdadeiro compromisso com a valorização dos policiais da união que não ocorreu nos últimos anos'. Entre as pautas que a classe deseja levar aos candidatos estão: a necessidade de mandato para Diretor-Geral da Polícia Federal, com lista tríplice; sobreaviso remunerado; aumento dos valores das diárias; plano de saúde; estruturação de apoio psicológico; e a tão falada reestruturação das carreiras policiais federais.

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"Caso o presidente da República, Jair Bolsonaro, descumpra o compromisso público assumido por ele diversas vezes, os policiais da União não se manterão inertes diante do uso da valorização da segurança pública e da excelente imagem da Polícia Federal como ferramenta publicitária e de marketing político", afirmou a ADPF em nota.

Os delegados se dizem 'frustrados' com a ideia do governo de conceder aumento geral de 5% a todos os servidores civis e militares, como acertado em reunião com o ministro da Economia, Paulo Guedes. Considerados uma importante base eleitoral do governo, os policiais federais haviam recebido a promessa de Bolsonaro da reestruturação das carreiras, com aumento de salário acima da inflação.

Como mostrou o Estadão, na segunda-feira, 18, Anderson Torres chegou a se reunir com representantes das polícias da União, com o intuito de contornar a insatisfação da classe. Na ocasião, o ministro da Justiça chegou a dizer que o reajuste de 5% para todo o funcionalismo ainda não foi fechado.

Leia a íntegra da nota da ADPF

A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) comunica que a classe se reuniu em assembleia na última terça-feira (19/4) para decidir e alinhar medidas e providências a serem tomadas em reação à clara omissão do Governo Federal, que até o momento não assinou Medida Provisória de Reestruturação das Carreiras Policiais Federais, cujo orçamento de 1,7 bilhão já foi aprovado pelo Congresso. O sentimento de  frustração da categoria se amplifica diante do noticiado reajuste linear para os servidores públicos federais.

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Alinhados aos sentimentos de todas as forças de segurança ligadas ao Ministério da Justiça, que viram a pauta da segurança pública ser alçada como bandeira pelo Governo enquanto os policiais não receberam qualquer valorização do seu trabalho e sacrifício, os delegados federais aprovaram de forma categórica todas as medidas apresentadas na assembleia.

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Entre as ações que serão tomadas, ressalta-se a realização, no próximo dia 28 de abril (quinta-feira), de mobilização de todos os policiais federais. O ato acontecerá em todas as unidades da Polícia Federal espalhadas pelo Brasil.

A ADPF também apresentará ao Diretor-Geral da Polícia Federal, um comunicado que recomenda a todos os delegados federais que não viajem em missão sem o pagamento prévio de diárias, bem como estabeleça, em 30 dias, critérios para compensação ou remuneração do regime de sobreaviso, que tanto sobrecarrega os policiais.

A entidade aprovou, ainda, o indicativo de recomendação de operação-padrão e redução de produtividade nas atividades administrativas de fiscalização, bem como indicativo de paralisação das atividades junto com os demais cargos da PF, esta última a ser ratificada em assembleia no dia 02 de maio.

Por fim, reforça o posicionamento, cada vez mais firme, de que, caso o presidente da República, Jair Bolsonaro, descumpra o compromisso público assumido por ele diversas vezes, os policiais da União não se manterão inertes diante do uso da valorização da segurança pública e da excelente imagem da Polícia Federal como ferramenta publicitária e de marketing político.

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