A Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) publicou, neste domingo (26/04), uma carta aberta ao presidente da República, Jair Bolsonaro, em que afirma haver uma 'crise de confiança' entre a instituição e o governo. No documento, a entidade pede providências para resguardar a Polícia Federal de novas crises, como a que se estabeleceu desde a exoneração do Diretor-Geral da PF, Maurício Valeixo, e pedido de demissão do Ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Documento
Carta Aberta ao Presidente da Repu?blicaDe acordo com a Associação, 'os acontecimentos recentes criam um clima de instabilidade uma "crise de confiança" para a próxima diretoria da PF, tanto internamente quanto perante a sociedade'.
"Da maneira como ocorreu, há uma crise de confiança instalada, tanto por parte de parcela considerável da sociedade, quanto por parte dos delegados de Polícia Federal, que prezam pela imagem da instituição. Nenhum delegado quer ver a PF questionada pela opinião pública a cada ação ou inação. Também não quer trabalhar sob clima de desconfianças internas", diz a ADPF.
Os delegados dizem acreditar que a atual crise poderia ter sido evitada: "Provavelmente, se as premissas e esclarecimentos acima tivessem sido compreendidos e corrigidos os possíveis entraves de comunicação entre V.Exa e a Polícia Federal, os fatos que presenciamos nesta semana não teriam ocorrido e não estaríamos vivenciando as circunstâncias atuais.
Entre as solicitações, os Delegados Federais pediram que Bolsonaro assumisse um compromisso de encaminhar ao Congresso Nacional, projetos que possam prever autonomia financeira para a Polícia federal e mandato para o Diretor-Geral.
A carta afirma que, se forem acatadas, "tais medidas serão um legado de seu governo para o Brasil e dissiparão qualquer dúvida sobre as intenções de V.Exa. em relação à Polícia Federal".
O documento, segundo a entidade, ainda pontua a real competência do chefe do Executivo em relação à Polícia Federal, bem como explica 'como se configuram os pedidos de informações sobre inquéritos e a própria investigação do atentado ao presidente'.
"Atualmente, tramitam duas ações com o objetivo de resguardar a Polícia Federal, uma sobre autonomia administrativa, financeira e orçamentária da instituição (PEC 412/2009) e outra conferindo mandato ao Diretor-Geral (PEC 101/2015), que seria indicado pelo presidente, mas não poderia ser exonerado durante o período de permanência no cargo", completa a ADPF.