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Delegado que defendeu prisão de 'Temer, Alckmin, Aécio, etc' exerceu pensamento livre, diz entidade de classe

Em nota pública, Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal defende Milton Fornazari Júnior e pede que seja revista a determinação de procedimento administrativo-disciplinar

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Por Luiz Vassallo
Atualização:

Delegado de Polícia Federal Milton Fornazari Junior. Foto: Sabrina Vasconcelos

A principal entidade de classe dos delegados de Polícia Federal, ADPF, saiu em defesa do delegado Milton Fornazari Júnior que postou em seu Face, na noite de sábado, 7, logo após a prisão de Lula, mensagem em que defende prisão para 'Temer, Alckmin, Aécio, etc'.

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Em nota pública, subscrita por seu presidente, Edvandir Felix de Paiva, a Associação Nacional dos Delegados da PF afirma que Fornazari - lotado na Delegacia de Combate à Corrupção e aos Crimes Financeiros (Delecor), braço da PF em São Paulo - 'ao exercer o direito fundamental de manifestar pensamento livremente, o fez por meio de perfil pessoal, não por meio de página oficial da Polícia Federal, documento interno, ou mesmo entrevista em nome do órgão'.

A associação argumenta que,'ao se extrair o sentido da postagem, nota-se claramente a defesa de que a persecução penal no Brasil seja republicana, impessoal e principalmente justa'.

"Exatamente o que determinam princípios constitucionais como os da legalidade, isonomia, moralidade e impessoalidade, que se coadunam com a missão institucional da Polícia Federal", diz o texto.

Fornazari postou seu recado na noite de sábado, 7, pouco depois que o ex-presidente Lula decolou rumo a Curitiba, terra da Lava Jato, para cumprir a pena de 12 anos e um mês de reclusão no processo do famoso triplex do Guarujá.

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"Lula preso. Objetivamente recebeu bens, valores, favores e doações para seu partido indevidamente por empresas que se beneficiaram da corrupção em seu governo", cravou o delegado, um especialista em cooperação jurídica internacional e no combate à corrupção. "Por isso merece a prisão." Ele emendou. "Agora é hora de serem investigados, processados e presos os outros líderes de viés ideológico diverso, que se beneficiaram dos mesmos esquemas ilícitos que sempre existiram no Brasil (Temer, Alckmin, Aécio etc)'. A cúpula da PF reagiu, na segunda-feira, 9, e anunciou 'medidas administrativo-disciplinares' para apurar a conduta de Fornazari.

Para a Associação dos Delegados a Corregedoria da Polícia Federal deve atentar 'para a premissa absolutamente verdadeira de que, desde que fale em nome próprio, não revele fatos sigilosos ou não atrapalhe o trabalho investigativo, um delegado de Polícia Federal é antes de mais nada um cidadão que tem o direito de se manifestar, de forma pessoal, sobre qualquer tema, sem que para isso haja qualquer tipo de censura administrativa'.

COM A PALAVRA, ADPF "Em relação à matéria 'Delegado da PF diz no Face que é hora de serem presos os outros líderes, Temer, Alckmin, Aécio, etc', publicada no jornal O Estado de S. Paulo na segunda-feira, 9, e os desdobramentos acerca da postagem do delegado de Polícia Federal Milton Fornazari Júnior em perfil pessoal de mídia social, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) recebe com estranheza a notícia de que a Polícia Federal adotará medidas administrativo-disciplinares."

"O cidadão Milton Fornazari Júnior, ao exercer o direito fundamental de manifestar pensamento livremente, o fez por meio de perfil pessoal, não por meio de página oficial da Polícia Federal, documento interno, ou mesmo entrevista em nome do órgão. Além disso, ao se extrair o sentido da postagem, nota-se claramente a defesa de que a persecução penal no Brasil seja republicana, impessoal e principalmente justa. Exatamente o que determinam princípios constitucionais como os da legalidade, isonomia, moralidade e impessoalidade, que se coadunam com a missão institucional da Polícia Federal."

"A ADPF espera que a notícia de instauração de processo disciplinar anunciada pela Polícia Federal seja revista e que a Corregedoria atente para a premissa absolutamente verdadeira de que, desde que fale em nome próprio, não revele fatos sigilosos ou não atrapalhe o trabalho investigativo, um delegado de Polícia Federal é antes de mais nada um cidadão que tem o direito de se manifestar, de forma pessoal, sobre qualquer tema, sem que para isso haja qualquer tipo de censura administrativa."

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_Edvandir Felix de Paiva, presidente da Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF)

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