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Delegado que caiu após notícia-crime contra Salles rebate fala de Bolsonaro na cúpula do clima: 'Até 2030 o desmatamento vai acabar... por falta de floresta'

Em perfil recém-criado no Twitter, o ex-superintendente da PF no Amazonas defendeu que é 'hora de lutar pela Floresta' e de 'mostrar que a Amazônia importa'

Foto do author Pepita Ortega
Foto do author Rayssa Motta
Por Pepita Ortega e Rayssa Motta
Atualização:

O delegado Alexandre Saraiva. Foto: Wérica Lima/ Inpa

O delegado da Polícia Federal Alexandre Saraiva, líder da investigação que culminou em 'apreensão histórica' de madeira ilegal na Amazônia e autor da notícia-crime contra o ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, ironizou nesta quinta, 22, que o desmatamento no Brasil vai acabar, até 2030, 'por falta de floresta'. A indicação se dá na esteira da fala do presidente Jair Bolsonaro, que, durante a Cúpula de Líderes sobre o Clima, afirmou que o País assumiu o compromisso de eliminar o desmatamento ilegal até 2030 e que o País atingiria a neutralidade climática em 2050.

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Em perfil recém-criado no Twitter, o ex-superintendente da PF no Amazonas - que foi substituído após enviar a notícia-crime contra Salles ao Supremo Tribunal Federal - defendeu que é 'hora de lutar pela Floresta' e de 'mostrar que a Amazônia importa'. "Não vai passar boiada nenhuma!!!", registrou ainda o delegado em letras maiúsculas, na primeira publicação feita na rede social, nesta quarta, 21. A autoria do perfil foi confirmada pela PF no Amazonas.

A indicação de Saraiva faz referência a fala do ministro do Meio Ambiente na reunião ministerial de 22 de abril de 2020, tornada pública no âmbito no inquérito que apura suposta tentativa de interferência política de Bolsonaro na PF. Na ocasião, Salles disse que era preciso aproveitar a 'oportunidade' que o governo federal ganha com a pandemia do novo coronavírus para 'ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas'.

Saraiva e Bolsonaro durante live em novembro de 2020. FOTO: REPRODUÇÃO/YOUTUBE/JAIR BOLSONARO Foto: Estadão

Um ano após a fatídica reunião, Saraiva imputou a Salles supostos crimes de obstrução de investigação ambiental, advocacia administrativa e organização criminosa. Segundo o delegado, além de dificultar a ação de fiscalização ambiental, Salles 'patrocina diretamente interesses privados (de madeireiros investigados) e ilegítimos no âmbito da Administração Pública' e integra, 'na qualidade de braço forte do Estado, organização criminosa orquestrada por madeireiros alvos da Operação Handroanthus com o objetivo de obter, direta ou indiretamente, vantagem de qualquer natureza'.

Nesta quarta, 21, na esteira das acusações e às vésperas conferência internacional sobre as mudanças climáticas convocada pelo presidente americano, Joe Biden, Salles foi alvo de um tuitaço e passou parte do dia envolvido em bate-boca pelas redes sociais. Uma das celebridades que defenderam o #ForaSalles e rebateram o ministro foi a cantora Anitta. Saraiva chegou a compartilhar uma mensagem da empresária.

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Amazônia. FOTO: TIAGO QUEIROZ/ESTADÃO  

Já na manhã desta sexta, 23, o delegado comentou sobre as estratégias identificadas em operações da PF para a exportação de madeira ilegal. Saraiva defendeu a auditoria de processos administrativos que autorizam o desmatamento, apontando que 'em regra geral' os documentos produzidos a partir de tais procedimentos, o Documento de Origem Florestal - são baseados em fraudes.

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