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Delatores revelam falsos contratos para gerar R$ 28 mi em espécie para OAS

Roberto Trombeta e Rodrigo Morales disseram em delação premiada, no âmbito da 31ª fase da Lava Jato, que de 2010 a 2014 firmaram contratos fictícios que tinham por objetivo gerar recursos em espécie retirados por executivos do grupo

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Por Fausto Macedo , Ricardo Brandt e Julia Affonso
Atualização:

O presidente afastado da OAS Léo Pinheiro. Foto: Beto Barata/AE - Março/2003

Responsável por firmar falsos contratos para o Grupo OAS levantar recursos em espécie, os delatores Roberto Trombeta e seu sócio Rodrigo Morales confessaram à força-tarefa da Operação Lava Jato terem ajudado a empreiteira a levantar R$ 22 milhões em dinheiro em espécie, entre 2010 e 2014. Entre os valores, há recursos de propina das obras do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), no Rio, alvo da 31ª fase batizada de Operação Abismo.

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"O total de contratos fictícios assinados pelos declarantes foram de R$ 28.387.652,00", registrou a Procuradoria da República, no Termo 1, de Trombeta. Ele foi ouvido no dia 12 de junho. "Após anos de relacionamento e confiança o mesmo, a partir do ano de 2010, foi requisitado para emitir notas de serviços de suas empresas para o Grupo OAS Brasil, pois a OAS dizia-se necessitar de recursos em espécie para pagamentos de pessoas de canteiros de obras e outros", detalhou Trombeta e Morales, em depoimentos à Lava Jato iguais.

"Na maioria dos serviços contratados não houveram a devida prestação dos mesmos, senão 'pró-forma' com único intuito de gerar dinheiro em espécie para o Grupo OAS Brasil", informaram os delatores. O presidente afastado da OAS José Aldemário Pinheiro, Léo Pinheiro, foi preso e condenado na Lava Jato em Curitiba. Ele negocia acordo de delação premiada com a Procuradoria.

 

No pedido de prisões e buscas da Operação Abismo, a força-tarefa da Lava Jato explica que o delator Mário Góes, outro operador de propinas, explicou que os pagamentos intermediados pela OAS se davam em espécie. "Uma das formas evidenciadas para tal finalidade foi a celebração de contratos ideologicamente falsos, nos quais não havia efetiva prestação de serviços, com empresas comandadas por Roberto Trombeta e Rodrigo Morales, conforme admitido por ambos os colaboradores."

"Dentre os contratos ideologicamente falsos celebrados arrolados pelos colaboradores destacam-se dois firmados pelo Consórcio Novo Cenpes, um com a MRTR Gestão Empresarial, em 8 de abril de 2008, no valor de R$ 2.195.000,00, e outro com a Morales e De Paula Advogados Associados, em 7 de novembro de 2011, no valor de R$ 700.000,0061", informa a Procuradoria.

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 Foto: Estadão

Os delatores que forneciam os contratos fictícios para a OAS levantar dinheiro em espécie entregaram os detalhes desses negócios para a Lava Jato. Muitos são de obras de saneamento.

Trombeta e Morales dizem que recebiam 20% do valor bruto de cada fatura como pagamento. Descontados os valores do serviço, os delatores explicaram que a OAS recebeu em espécie R$ 22,7 milhões.

"Os recursos gerados pelo declarante ao Grupo OAS sempre foram disponibilizados na sede da empresa do declarante onde profissionais do Grupo OAS compareciam para retirar tais recursos", explicam os delatores.

 

VEJA TABELA DE CONTRATOS ENTREGUES PELOS DELATORES

 
 
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