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Delatora Mônica diz que na campanha de Marta recebeu 'por fora de Edson não sei o quê'

Mulher do marqueteiro João Santana, interrogada pelo juiz Sérgio Moro, falou sobre personagem que 'cuidava da parte financeira da campanha' da ex-petista em 2008

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Por Julia Affonso e Ricardo Brandt
Atualização:

Senadora Marta Suplicy (PMDB-SP). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

A empresária Monica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, revelou ao juiz federal Sérgio Moro, em interrogatório, pagamentos 'por fora' à campanha de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo, em 2008. Monica, que é delatora na Operação Lava Jato, apontou um interlocutor 'Edson não sei o que'.

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Em 2008, senadora Marta, hoje no PMDB, concorria à Prefeitura pelo PT. Segundo a delatora, os pagamentos não contabilizados a campanhas petistas eram discutidos com o ex-ministro Antonio Palocci (Governos Lula e Dilma/Fazenda e Casa Civil) ou com o ex-tesoureiro do partido João Vaccari Neto.

"A maioria das vezes era o Palocci. Algumas vezes o Vaccari. Teve, por exemplo, na campanha da Marta, em 2008, teve uma pessoa que trabalhava com ela que chamava Edson, eu até passei para vocês o nome, acabei de me esquecer de novo, Edson não sei o que. Era uma pessoa que cuidava da parte financeira da campanha da Marta, ele me fez alguns pagamentos por fora também nessa campanha. Poucos, mas fez, nessa campanha de 2008", declarou.

Moro mostrou para Monica Moura a 'Planilha Posição Programa Italiano'. O magistrado perguntou se a empresária teria recebido '18 milhões' em 2008 da Odebrecht.

"Sim, recebi, recebi. Eu não me lembrava exatamente o valor exato, mas deve ser isso mesmo, já que eles tinham em planilha. Recebi, sim. Isso foi uma colaboração, uma doação que a Odebrecht fez para a campanha da Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo em 2008, que nós fizemos o marketing e à campanha da senadora Gleisi Hoffmann à Prefeitura de Curitiba, também em 2008. Eles colaboraram com as duas campanhas, pagando a gente, quer dizer, pagando o nosso trabalho, uma parte do nosso trabalho", relatou.

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"Eu não me lembro exatamente, mas eu acho que esses valores, 2008, acho que foram pagos todos no Brasil."

João Santana foi também marqueteiro das campanhas dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (2006) e Dilma Rousseff (2010 e 2014). Monica cuidava da contabilidade do casal.

O casal foi interrogado em ação penal sobre lavagem de dinheiro e corrupção ativa e passiva relacionados à obtenção, pela empreiteira Odebrecht, de contratos de afretamento de sondas com a Petrobrás.

Segundo a denúncia, entre 2006 e 2015, Palocci estabeleceu com altos executivos da Odebrecht 'um amplo e permanente esquema de corrupção' destinado a assegurar o atendimento aos interesses do grupo empresarial na alta cúpula do governo federal.

O Ministério Público Federal aponta que no exercício dos cargos de deputado federal, ministro da Casa Civil e membro do Conselho de Administração da Petrobrás, Palocci interferiu para que o edital de licitação lançado pela estatal e destinado à contratação de 21 sondas fosse formulado e publicado de forma a garantir que a Odebrecht não obtivesse apenas os contratos, mas que também firmasse tais contratos com margem de lucro pretendida.

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COM A PALAVRA, A SENADORA MARTA SUPLICY

Nunca pedi ou autorizei qualquer pessoa a solicitar doação para as minhas campanhas fora do que determina a legislação eleitoral. Jamais tive qualquer relação com a empresa Odebrecht. A esse respeito, aliás, Benedito Junior, ex-presidente da Odebrecht, diz textualmente: "Marta Suplicy nunca chegou a beneficiar a Odebrecht." Outro trecho: "Marta era avessa à relação com a Odebrecht." Reitero que minha conduta sempre esteve baseada nos princípios éticos que caracterizam toda a minha vida.

Marta Suplicy, senadora (PMDB-SP)

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA JOSÉ ROBERTO BATOCHIO, DEFENSOR DE PALOCCI

"O interrogatório do ex-ministro Antonio Palocci está marcado para esta quinta-feira, 20 de abril, ocasião em que ele terá oportunidade de expor, detalhada e cumpridamente, todos os fatos abrangidos por esta ação penal que, não se deve esquecer, versa apenas sobre influência na licitação das 29 sondas e também pagamento de caixa 2 para o sr. João Santana e sua sócia e mulher, Mônica Moura."

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