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Delator entregou registro de propina paga pela Odebrecht

Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás, guardou cópias de depósitos da Constructora Del Sur, que seria usada pela empreiteira para movimentar dinheiro de corrupção em paraísos fiscais

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Por Redação
Atualização:

Atualizada às 16h23

Por Ricardo Brandt, Julia Affonso e Fausto Macedo

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O ex-gerente de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco entregou à Operação Lava Jato os documentos que guardava de depósitos da offshore Constructora Internacional Del Sur, usada pela empreiteira Norberto Odebrecht para pagar propina no esquema de cartel e corrupção na estatal.

A conta de Barusco que recebeu valores da Odebrecht foi a aberta em nome da offshore Pexo Corporation, que ele registrou em 2008.

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O delator afirmou aos investigadores da Lava Jato que conseguiu "identificar o recebimento de quase US$ 1 milhão depositados pela Odebrecht" nesta conta.

Pelo menos dez depósitos para a offshore de Barusco foram contabilizados ao longo de 2009 e cópias dos registros de depósitos entregues à Lava Jato.

A Constructora Del Sur, aberta no Panamá, fez pagamentos diretos ao ex-diretor de Serviços Renato Duque - braço no PT no esquema -, em 2009 em nome de uma conta que era controlada por ele. A descoberta foi feito no bloqueio da fortuna de 20 milhões de euros que ele mantinha no Principado de Mônaco.

Em novos depoimentos, Barusco citou suposto pagamento de propinas nas obras do Gasoduto Pilar-Ipojuca. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Foram dois depósitos na conta de Duque aberta em nome da offshore Milzart Overseas Holdings Inc., do Panamá, totalizando US$ 875 mil. Os valores vieram de uma conta da Constructora Internacional Del Sur, no Credicorp Bank, em Genebra.

Em novo depoimento ontem à Justiça Federal, o doleiro Alberto Youssef, confessou que a Odebrecht também usou Construtora Internacional Del Sur para movimentar propina em sua lavanderia.

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"Odebrecht e Braskem (sociedade entre a empreiteira e a Petrobrás) era comum fazer esses pagamentos (de propina) lá fora, ou ela me entregava em dinheiro vivo no escritório da São Gabriel", afirmou o doleiro em audiência na Justiça Federal no Paraná nesta terça-feria 31.

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"Uma vez recebi uma ordem, não me lembro se foi em uma das contas indicadas por Carlos Rocha (doleiro Carlos Alberto Souza Rocha, também alvo da Lava Jato) ou Leonardo (Meirelles, outro réu da operação), da Odebrecht que a remessa foi feita pela construtora Del Sur", relatou. Segundo o Youssef, ele teria recebido pagamentos por meio dessa empresa "umas duas ou três vezes".

Documento. A Lava Jato já sabe que Barusco era braço direito e espécie de contador da propina de Duque na Diretoria de Serviços. Por meio dela, o esquema arrecadava de 2% a 3% nos contratos da estatal. Parte ficava com os dois e parte ia para o PT.

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Cópia de registro de depósitos de offshore Constructora Del Sur para conta de Barusco  Foto: Estadão

Os documentos e depoimentos colhidos até agora na Lava Jato complicam a vida da Odebrecht e de seus executivos. Barusco e o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa apontaram os executivos do grupo Rogério Santos Araújo e Márcio Faria da Silva como os responsáveis pelos pagamentos no exterior.

Costa diz ter recebido US$ 23 milhões da empreiteira por meio de transferências para a Suíça. O doleiro Bernando Freiburghaus, que mora na Suíça, é peça-chave nessas investigações. Era ele quem operava parte dessas contas na Europa.

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT.

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"A Construtora Norberto Odebrecht S.A. esclarece que não possui, nem nunca possuiu, qualquer vínculo com a empresaConstrutora Internacional del Sur,a qual não é, nem nunca foi de sua propriedade, ou de qualquer outra empresa controlada ou coligada da Odebrecht. Esclarece ainda que nunca fez qualquer pagamento à referida empresa. Portanto, não são verdadeiras as notícias que vêm sendo veiculadas que atribuem à Odebrecht a responsabilidade por pagamentos efetuados no exterior aos réus confessos Alberto Youssef e Pedro Barusco."

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