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Delator entrega contas no exterior

Extratos bancários de Mário Góes, operador de propinas na Petrobrás, podem orientar investigadores da Lava Jato a identificar novos beneficiários de lavagem de dinheiro desviado da estatal

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Por Redação
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O operador de propinas Mário Góes, delator que teria movimentado dinheiro da WTorre / Foto: Reprodução

Por Julia Affonso e Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, e Fausto Macedo

O lobista Mário Góes, um dos delatores da Operação Lava Jato, entregou à Justiça Federal documentos que podem corroborar as declarações feitas em seu acordo de colaboração premiada. Mário Góes é apontado como operador de propinas na Diretoria de Serviços da Petrobrás, cota do PT na estatal.

 Foto: Estadão

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O executivo anexou aos autos do processo que responde por corrupção e lavagem de dinheiro o cartão de abertura da offshore Maranelle Investments S.A., titular da conta Maranelle Investments S.A. mantida junto da Lombard Odier, Suíça. Ele também entregou à Lava Jato detalhamento de movimentação da conta no período de 9 de dezembro de 2011 a 25 de novembro de 2014 e um contrato entre Zagope Angola - Construções e Engenharia S.A. e Phad Corporation.

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Em julho, um laudo contábil-financeiro elaborado por peritos criminais da Polícia Federal revelou que entre 2003 e 2014 foram movimentados R$ 220 milhões, em valores brutos, em contas de Mário Góes.

Os peritos indicaram que a movimentação financeira nas contas do operador de propinas e das empresas ligadas a ele (Riomarine Oil e Gás Engenharia e Empreendimentos LTDA e Mago Consultoria S/C LTDA), se acentuou a partir do biênio 2008/2009. Investigadores da Lava Jato suspeitam que a Riomarine é uma empresa de fachada, usada para 'esquentar' dinheiro de propina em contratos frios de consultoria.

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Os novos documentos agora entregues pelo próprio Mário Góes podem ajudar os investigadores da Lava Jato a descobrir os beneficiários de propinas e da lavagem de dinheiro desviado da Petrobrás. A conta Maranelle, controlada por Mário Góes, era uma das que ele utilizava para recebimento de propinas no exterior.

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Em delação premiada, o lobista confirmou que usou suas empresas, a RioMarine e a Phad Corporation, para repasse de propina e lavagem de dinheiro da empreiteira Andrade Gutierrez. Ele decidiu contar o que sabe sobre o esquema de corrupção na estatal em troca de benefícios, como redução de pena. Mário Góes foi preso em 5 de fevereiro deste ano e teve a preventiva transformada em regime domiciliar após firmar o acordo de delação.

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Um relatório de Análise de Material de Informática, subscrito por peritos da Polícia Federal em 19 de julho, aponta 'indícios de pagamento de vantagens ilícitas a Pedro Barusco (ex-gerente da Petrobrás) junto a Phad Corporation pela Zagope Angola Engenharia e Construção, empresa ligada a Andrade Gutierrez'. Barusco é um dos delatores do esquema de corrupção e propina instalado na estatal e desbaratado pela força-tarefa da Lava Jato.

"Há ainda na referida mídia outro arquivo de texto rata-se de minuta de um Contrato Particular de Prestação de Serviços entre a Zagope Angola - Construções e Engenharia S.A. (contratante), situada em Angola e a Phad Corporation (contratada), situada na República do Panamá. O contrato tem como objeto a prestação, pela contratada, de serviços de consultoria, no valor de US$ 6,426 milhões. Acompanhou a minuta do contrato uma fatura proforma referida anteriormente, contendo os nomes de Mário Góes e Antonio Pedro Campello de Souza Dias (ex-diretor comercial da Andrade Gutierrez)", afirma o relatório da PF.

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