O ex-diretor da UTC Walmir Pinheiro disse em delação premiada que o ex-tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, pediu uma porcentagem de valores faturados pela empresa com o contrato para obras na usina de Angra 3. O pedido, segundo Pinheiro, foi feito após a assinatura do contrato com o consórcio vencedor do projeto, que aconteceu em setembro de 2014, portanto cerca de seis meses depois do início das investigações da Operação Lava Jato.
O valor não foi pago, segundo Pinheiro, em razão da prisão do dono da UTC, Ricardo Pessoa - em novembro, decorrência das investigações da Lava Jato. Vaccari foi preso em abril nas investigações da Lava Jato. O ex-tesoureiro do PT queria que o dinheiro fosse encaminhado como doação oficial ao PT, segundo Pinheiro.
[veja_tambem]
"Que João Vaccari queria este valor como doação oficial para o PT; Que esta reunião foi posterior à assinatura do contrato de Angra 3, ou seja, após setembro de 2014; Que acredita que taI reunião tenha sido por volta de outubro de 2014; Que, porém, Ricardo Pessoa alegou para Vaccari que era impossível o pagamento do valor, pois havia outras empresas no consórcio e não havia margem no contrato para tal tipo de pagamento; Que, portanto, este valor não foi pago para Vaccari, até mesmo porque logo depois houve a prisão de Ricardo Pessoa e do próprio depoente", consta na delação de Pinheiro.
O ministro Teori Zavascki, do STF, retirou o sigilo da delação premiada de Pinheiro na última semana após pedido da procuradoria-geral da República (PGR).
A defesa de Vaccari não atendeu as ligações da reportagem até esta publicação. (Beatriz Bulla, Julia Affonso, Adriano Ceolin e Gustavo Aguiar)