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Delator da Odebrecht depôs sobre propinas a ex-presidente do Peru

Jorge Henrique Simões Barata é interrogado na sede da Procuradoria da República em São Paulo desde às 14h desta terça-feira, 27; Ollanta Humala está preso desde julho de 2017 em investigação envolvendo supostas propinas de R$ 3 milhões da empreiteira

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Foto do author Luiz Vassallo
Foto do author Fernanda Simas
Por Luiz Vassallo e Fernanda Simas
Atualização:
 Foto: Estadão

O delator da Odebrecht Jorge Henrique Simões Barata compareceu às 14h desta terça-feira, 27, na sede da Procuradoria da República da 3ª Região, em São Paulo, para depor a respeito de supostas doações ilegais à campanha do ex-presidente do Peru Ollanta Humala. A defesa dele foi notificada pela Procuradoria do Peru a respeito do depoimento, que se dá no âmbito de cooperação internacional. O Estado obteve acesso ao documento.

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O advogado de Barata, Carlos Kauffmann, afirmou que o cliente respondeu as 34 perguntas feitas pelos procuradores peruanos, todas referentes à campanha política de Humala. A defesa do ex-presidente também fez alguns questionamentos, que foram respondidos, segundo Kauffmann.

Na quarta-feira, Barata volta à sede da PGR em São Paulo, quando será questionado sobre o envolvimento da Odebrecht na campanha política de Keiko Fujimori.

Delatores da empreiteira, entre eles, Marcelo Odebrecht, dizem ter feito repasse de R$ 3 milhões à campanha de Humala a pedido do ex-ministro Antonio Palocci, em 2010.

A delação de Simões e de outros colaboradores a respeito do caso está em sigilo decretado pelo relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin. A pedido da defesa da defesa dos delatores endossado pela Procuradoria-Geral da República. O objetivo, escreveu o ministro nos autos, é "viabilizar tratativas de elucidação perante autoridades estrangeiras".

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Prisão. Humalla está preso desde julho de 2017. A Justiça do Peru decretou sua prisão preventiva por um período de 18 meses. Segundo as investigações naquele país, Humala e a ex-primeira-dama, Nadine Heredia são acusados de terem recebido dinheiro ilícito da Venezuela e da empreiteira Odebrecht para as campanhas presidenciais de 2006 e 2011 - a empresa diz estar colaborando com as investigações.

O escândalo de corrupção da Odebrecht no Peru também envolveu os ex-presidentes Alejandro Toledo (2001-2006) e Alan García (1985-1990 e 2006-2011), acusados de terem recebido propina para obter a concessão de obras públicas.

Acesso. A defesa do ex-presidente pediu ao Supremo Tribunal Federal acesso a declarações que o implicam em cooperação internacional. Os delatores da Odebrecht citados pelos advogados são Jorge Henrique Simões Barata, Luiz Antonio Mameri e Marcelo Bahia Odebrecht. Os advogados querem também eventuais depoimentos ou anexos de delação do marqueteiro petista Valdemir Garreta.

"Finalmente, requerem seja deferida a extração de cópia de todos os eventuais depoimentos, documentos e/ou "dados de corroboração" que estejam vinculados a esse tema e que tenham sido compartilhados pelo Ministério Público Federal do Brasil com quaisquer autoridades públicas peruanas, inclusive, mas não somente o Ministério Público do Peru", afirmam os advogados.

Pelo fato de não terem firmado colaboração no Peru, delatores da Odebrecht se manifestaram contra o pedido de Humala ao Supremo, que aguarda decisão do relator Edson Fachin.

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