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Delator confirma propina em diretoria controlada pelo PMDB

Lobista Hamylton Padilha, que representava empresas internacionais de petróleo no Brasil, diz a juiz da Lava Jato que foi cobrado para que negócio de navio-sonda tivesse sucesso

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Por Fausto Macedo , Julia Affonso e MATEUS COUTINHO E RICARDO BRANDT
Atualização:

Jorge Zelada. Foto: Dida Sampaio/Estadão

O lobista Hamylton Padilha, que representava empresa multinacionais do setor de petróleo, afirmou ao juiz federal Sérgio Moro que pagou propina para o ex-diretor de Internacional da Petrobrás Jorge Zelada por contrato de construção de navio-sonda. A área era cota do PMDB no esquema de cartel e corrupção na estatal, acusa a força-tarefa do Ministério Público Federal. Delator da Operação Lava Jato desde julho, ele confirmou que o operador de propinas do partido João Augusto Henriques e outro lobista, Raul Schmidt, eram os intermediários das propinas paga aos agentes públicos e políticos.

"Ele (Schmidt) disse que para que prosseguisse as negociações para a contratação dessa unidade e a possibilidade de sucesso, que ele não garantia, mas achava que era possível, a condição necessária era que houvesse o pagamento de vantagens, ou propinas para membros da diretoria de Internacional da Petrobrás", contou Padilha.

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O lobista foi ouvido nesta sexta-feira, 31, por Moro - juiz dos processos da Operação Lava Jato, em Curitiba - em ação penal em que é réu junto com Zelada, o ex-gerente da estatal Eduardo Musa e o operador de propinas do PMDB João Augusto Henriques. O magistrado quis saber como foi esse encontro.

"Ele me ligou e depois encontrou comigo pessoalmente", acrescentou o delator. Me lembro de uma vez ter estado com ele na casa dele em São Conrado."

"Ele me procurou e me disse claramente que para prosseguir os negócios nas tratativa na área Internacional, para aquela transação prosseguir não somente nas negociações como chegar a um potencial acordo na Petrobrás seria necessário o pagamento de propinas", disse Padilha.

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O delator relatou como foi feito o pagamento de US$ 10 milhões para agentes públicos e políticos na Diretoria Internacional, em 2008, por um contrato para construção do navio-sonda, para exploração de petróleo na África, Titanium Explorer.

"Nesse momento me contatou Raul Schmidt, que eu não via a muito tempo, eu acho que ele estava morando na época em Londres, ele era ex-funcionário da Petrobrás que tinha saído e sido representante de várias empresas do setor de petróleo e eu o conheci nessa época, como concorrente", explicou Padilha, citando o nome de outro lobista.

Padilha é engenheiro e fechou no final de julho acordo de delação com a Lava Jato. Ele pagará multa no valor de R$ 70 milhões, valor que deverá ser destinado aos cofres da Petrobrás. Em seus termos, ele revelou os bastidores da propina acertada que chegou a US$ 31 milhões.

Zelada está preso em 2 de julho pela Conexão Mônaco, 15.º capítulo da Lava Jato, sob acusação de corrupção, lavagem de dinheiro e evasão de divisas. Zelada teria depositado em Mônaco 20 milhões de euros. Padilha relatou pagamento de propina na contratação do Titanium Explorer, feita entre a Petrobrás e uma empresa estrangeira, representada por ele, a Vantage Drilling Corp.

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O negócio envolveu ainda um executivo asiático, dono do navio-sonda. "Quando ele me perguntou sobre o pagamentos dos agentes públicos no Brasil, eu falei para ele que esse assunto não seria tratado por mim, mas sim por um intermediário ou representante dos agentes públicos."

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Moro quis saber quem seria esse intermediário. "João Augusto Henriques", o operador do PMDB. "Quando o senhor Raul Schmidt me procurou e nós tivemos essa primeira conversa, ele me apresentou o senhor João Augusto Henriques."

Padilha diz que Schmidt apresentou Henriques como um ex-funcionário da Petrobrás, aposentado, com "contatos diretamente com a Diretoria Internacional naquela época representada pelo senhor Jorge Zelada".

O delator conta que foi ele quem aproximou o empresário Nobu Su, acionista da empresa Vantage - dona da sonta - para Henriques, o operador do PMDB. Os três teriam realizado uma reunião no Hotel Copacabana Palace, no Rio.

Nessa reunião, João Augusto e Nobu Su teriam tratado dos acertos de pagamentos de propinas. Padilha citou a empresa Valencia Drilling, ligada a Nobu Su, como firma usada para pagamentos das comissões para Henriques e para ele próprio, referentes ao contrato do navio-sonda Titanium Explorer.

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A propina inicial seria de US$ 15 milhões, mas ele diz ter recebido US$ 10 milhões - metade disso, ele diz ter pago o lobista Raul Schmidt. O MPF aponta que valores desse contrato foram canalizado para o PMDB via João Henriques.

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