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Defesa de Milton Ribeiro pede a Carmen arquivamento do inquérito sobre 'gabinete paralelo' no MEC

Advogados do ex-ministro da Educação alegam 'questão de ordem' que, segundo eles, implica no 'atestado de óbito' da investigação sobre suposto esquema envolvendo desvios de verbas e pastores com trânsito fácil no Planalto

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Por Pepita Ortega
Atualização:

Ex-ministro da Educação Milton Ribeiro. FOTO: ISAC NÓBREGA/PR  

A defesa do ex-ministro da Educação Milton Ribeiro pediu à ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, o arquivamento do inquérito sobre o 'gabinete paralelo' instalado do MEC, com favorecimento de pastores na distribuição de verbas - caso revelado pelo Estadão. O caso voltou à corte máxima após pedido do Ministério Público Federal, que viu 'possível interferência ilícita' do presidente Jair Bolsonaro nas apurações.

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Em petição protocolada no inquérito que tramita em sigilo junto à corte máxima, os advogados de Ribeiro - Daniel Bialski e Bruno Borragine, alegam uma 'questão de ordem' que, segundo eles, implica no 'atestado de óbito' da investigação.

A banca alega nulidade da gravação, revelada pelo jornal Folha de S. Paulo, que implicou diretamente o ministro Milton Ribeiro no esquema revelado pelo Estadão. Os advogados pedem o 'imediato reconhecimento da ilicitude da criminosa gravação clandestina' e de todo o inquérito sobre o gabinete paralelo.

"Não se pode dar continuidade à investigação lastrada-originada e decorrente de provas obtidas por meio clandestino e ilícito, diante da chamada teoria dos frutos da árvore envenenada e dos impeditivos processuais, legais e constitucionais mencionados", diz trecho da peça.

A defesa de Ribeiro também já fez outros questionamentos com relação à investigação que chegou a prender o aliado do presidente Jair Bolsonaro. Como mostrou o Estadão, os advogados tentam derrubar, no Tribunal Regional Federal da 1ª Região, a decisão que decretou a preventiva de Ribeiro. O desembargador Ney Bello, relator, concedeu uma liminar (decisão provisória) em favor do investigado, que passou menos de 24 horas sob custódia na Polícia Federal em São Paulo.

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Ao TRF-1, os advogados alegaram que o juiz Renato Borelli, da 15.ª Vara Federal do Distrito Federal, que determinou a prisão de Ribeiro e de pastores ligados ao 'gabinete paralelo' agiu com parcialidade. Os advogados dizem ainda que ele emitiu "juízo de valor e até mesmo eloquência acusatória" em manifestação encaminhada a Ney Bello, na qual o magistrado disse que determinou a preventiva com base em "suspeitas substanciais".

Além disso, a defesa de Milton Ribeiro também alega que a Operação Acesso Pago não poderia ter sido autorizada pelo juiz federal de primeira instância se o magistrado já tinha conhecimento das conversas que motivaram a remessa do caso ao STF. O ex-ministro da Educação foi pego no grampo da PF, relatando à filha que ele havia conversado com o presidente da República e o chefe do Executivo teria dito ter um 'pressentimento' sobre a realização de buscas contra o aliado.

"Causa espécie que se esteja fazendo menção a gravações/mensagens envolvendo autoridade com foro privilegiado, ocorridas antes da deflagração da operação. Se assim o era, não haveria competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva", afirmam

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