Luiz Vassallo
07 Julho 2017 | 13h37
Geddel Vieira Lima Foto: Reprodução
O advogado Gamil Föppel, responsável pela defesa do ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), afirmou nesta sexta-feira, 7, ‘ter convicção’ de que o peemedebista terá sua liberdade ‘restituída em breve’. O defensor ainda chamou de ‘arremedo de documento’ as imagens da tela do celular da mulher de Lúcio Funaro em posse da Polícia Federal.
A prisão do peemedebista foi decretada pelo juiz federal Vallisney de Souza Oliveira, da 10.ª Vara de Brasília, no âmbito da Operação ‘Cui Bono?’. Nesta quinta-feira, 6, Geddel foi ouvido em audiência de custódia e negou ter feito ‘pressões’ contra a mulher de Funaro, Raquel Pitta, para saber se o doleiro iria fazer delação premiada.
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Segundo o Ministério Público Federal, o aliado do presidente Micel Temer é suspeito de embaraçar investigações e de tentar evitar que Funaro e também o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha – condenado a 15 anos e quatro meses de prisão na Lava Jato -, façam delação premiada.
Por meio de seu advogado, Bruno Espiñeira, o doleiro fez chegar à Polícia Federal ‘impressos de ligações’ recebidas por Raquel, via WhatsApp.
As ligações foram feitas por um certo ‘Carainho’, que, segundo os investigadores, é Geddel. Em audiência de custódia, nesta quinta-feira, 6, o ex-ministro admitiu ter feito mais de dez ligações à esposa, mas alegou que todas elas tinham o mesmo teor: “Isso: ‘Como vai? Tudo bem?’”.
A defesa de Geddel rebate o teor das imagens entregues pelo doleiro, acusa ‘fragilidade da prisão’ do peemedebista e sustenta que ela se deu de forma ‘precipitada’, sem sequer perícia no celular de Raquel.
O advogado Gamil Föppel ainda afirma que ‘a decisão de somente agora, depois da prisão deflagrada, ouvir a esposa de Lúcio Funaro acerca das supostas ligações e somente agora determinar a perícia no celular da aludida senhora, demonstra, a não mais poder, a evidente e cristalina ausência de fundamento e de comprovação para a para prisão’
“Pesa dizer que, em uma investigação desta natureza, a Polícia Federal, mais uma vez, junte um arremedo de documento (prints de tela de celular) sem que se tomasse o mínimo cuidado e zelo de realizar uma simplória perícia. Não há certeza a respeito da própria existência das ligações em si, de seus interlocutores, de quem eram os titulares das linhas. Nada, certeza alguma, desacompanhada de qualquer elemento probatório”, argumenta o defensor.
O advogado ainda disse ‘lamentar’ o que chamou de ‘indevido vazamento de imagens’ da audiência de custódia de Geddel.
“A fragilidade da prisão é de tal forma gritante que se promoverá, somente depois de a prisão ser efetuada, inusitada instrução processual para prisão que está em curso”, ressalta.
Funaro. O doleiro é citado nas delações da J&F como recebedor de um mensalinho de R$ 400 mil,para ficar em silêncio na cadeia.
Sua irmã, Roberta, foi flagrada pegando uma mala com este exato valor do diretor de Relações Institucionais da hold, Ricardo Saud e acabou presa, no âmbito da Operação Patmos, no último dia 18 de maio.
A detenção de sua familiar pesou na decisão do doleiro de abrir o jogo e assumir crimes em depoimento à Polícia Federal. Ele negocia delação premiada e, em sua última fala à PF, citou, além de Geddel, Michel Temer.
O doleiro afirmou que o presidente teria feito uma orientação para que R$ 20 milhões oriundos de verbas desviadas do FI-FGTS fossem parar no caixa da campanha de Gabriel Chalita (PMDB) à Prefeitura de São Paulo, em 2012.