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Decisão do STF sobre fake news é avanço para o país, dizem advogados

André Damiani, Daniel Bialski e Almino Afonso Fernandes, argumentam que instauração de inquérito foi baseada em fatores técnicos e pode significar o estabelecimento de 'limites e responsabilidades' para quem usa a internet para promover ataques e disseminar notícias falsas

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Por Redação
Atualização:

O Supremo Tribunal Federal decidiu, por 10 votos a 1, vencido o ministro Marco Aurélio Mello, que é legítima a instauração do Inquérito 4781, que investiga a disseminação de fake news com ofensas e ameaças aos ministros da Corte.

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Para o advogado criminalista André Damiani, sócio fundador do Damiani Sociedade de Advogados, o "Executivo terá de colocar as barbas de molho, vez que todas as diligências realizadas e provas coletadas até o momento são válidas e poderão, sim, ser utilizadas contra quem de direito, independentemente de sua posição ou de suas ligações partidárias".

Segundo o advogado, o relator do julgamento, ministro Fachin, foi "profundamente técnico ao afastar a nulidade das investigações, delimitar objeto e objetivos do inquérito, bem como reconhecer a necessária atuação do Ministério Público e dos defensores".

Os advogados Daniel Bialski, Almino Afonso Fernandes e André Damiani. Foto: Divulgação

Damiani salienta também o voto do ministro Alexandre de Moraes, que é relator do Inquérito 4781. "O ministro mais uma vez observou que a Procuradoria Geral da República tem participado regularmente do feito, da mesma forma que os defensores dos investigados. Em nenhum momento o ministro extrapolou os limites impostos pela Constituição", afirma o criminalista.

Para o advogado, com a decisão, "o STF transmitiu importante recado àqueles que se valem do aparato tecnológico e da potência das redes sociais digitais para disseminar discursos de ódio, e proferir ameaças contra quem quer que seja, no sentido de que a internet não é terra de ninguém, menos ainda território sem leis". De acordo com ele, "o Supremo deixou claro que estes tipos de violações aos postulados democráticos não serão tolerados".

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Para Daniel Bialski, advogado criminalista mestre em Processo Penal, "o julgamento é muito importante para determinar que se apure a propagação e a verdadeira avalanche de fake news que são plantadas em relação aos membros do Supremo e ao Poder Judiciário em geral".

Segundo o advogado, o julgamento também serve para orientar as cortes inferiores para começarem a tratar o tema com maior importância. "A Justiça deve punir os propagadores e autores das fake news e determinar que elas sejam retiradas das redes da internet e dos aplicativos. Isso porque afetam a dignidade, a honra e o bom nome das pessoas, além de causar transtornos irreparáveis. Não adianta fixar eventual punição e manter a notícia falsa nas redes. As notícias mentirosas têm que ser extirpadas da internet, justamente para que o malefício causado não gere dano e incômodo perene na vida da vítima", explica Bialski.

Almino Afonso Fernandes, advogado constitucionalista e sócio do Almino Afonso & Lisboa Advogados Associados, diz que o julgamento estabelecerá "um novo marco histórico e civilizatório aos recorrentes ataques cibernéticos que vêm tomando conta das nossas redes sociais, disseminando notícias falsas". Isso porque o STF estabeleceu "limites e responsabilidade àqueles que insistem em utilizar-se de ferramentas tecnológicas extremamente importantes à humanidade, como o são as redes sociais e a internet, para, acobertados pelo anonimato do mundo digital, praticarem crimes", diz ele ao considerar a decisão um avanço.

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