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'Curitiba tem 350 terabytes e 38 mil pessoas lá com seus dados depositados', diz Aras sobre pedido de acesso a banco da Lava Jato

Em transmissão ao vivo nesta terça, 18, chefe do Ministério Público Federal diz que agiu em nome da transparência ao solicitar informações das forças-tarefas e afirmou que lavajatismo deve ser 'superado'

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Por Rayssa Motta
Atualização:

 

O procurador-geral da República, Augusto Aras, disse nesta terça, 28, que o pedido de acesso ao banco de dados conservado pela força-tarefa da Operação Lava Jato em Curitiba é resultado da busca por transparência no Ministério Público Federal.

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"Estamos falando da transparência que estamos a promover. Todo o Ministério Público Federal, no seu sistema único, tem 40 terabytes. Curitiba tem 350 terabytes e 38 mil pessoas lá com seus dados depositados. Ninguém sabe como foram escolhidos, quais os critérios", disse o chefe do MPF em transmissão ao vivo organizada pelo Grupo Prerrogativas. 

Aras afirmou ainda que os dados obtidos por promotores e procuradores não podem servir a 'propósitos anti-republicanos' e que 'não se pode imaginar que uma unidade institucional se faça com segredos'.

Assista: 

Procuradores federais e a cúpula da PGR entraram em choque após Aras determinar diligência para o compartilhamento de informações da Lava Jato no Paraná, em São Paulo e no Rio. A PGR, através de dois subprocuradores, também propôs a criação da Unidade Nacional Anticorrupção (Unac) no MPF, o que centralizaria em Brasília o controle de operações e passaria a administração das bases de dados das forças-tarefa para uma secretaria ligada à Procuradoria.

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Há dez meses no cargo, o PGR diz que trabalha por um Ministério Público 'uno e indivisível' e que a maior preocupação de sua gestão tem sido justamente reconduzir o órgão à sua unidade.

"Não permitir que haja um aparelhamento desta instituição, que importa em segregação de muitos membros que não concordam com esse modo de fazer política institucional que privilegia poucos, somente aqueles que fazem parte de um determinado grupo, e ignora direitos e garantias fundamentais fora e dentro da casa", afirmou.

O procurador-geral reconheceu a relevância da Operação Lava Jato, mas criticou o consumo de recursos financeiros pela força-tarefa e insistiu sobre a necessidade de corrigir desvios e superar o chamado 'lavajatismo'.

"A hora é a hora de corrigir os rumos para que o lavajatismo não perdure, mas a correção de rumos não significa redução do empenho no combate à corrupção. Contrariamente a isso, o que nós temos aqui na casa é o pensamento de buscar fortalecer a investigação científica e, acima de tudo, visando respeitar direitos e garantias fundamentais", disparou.

O PGR denunciou 50 mil documentos 'escondidos' da Corregedoria, o que levou o MPF a mudar regras de acesso a processos disponíveis no sistema eletrônico interno da instituição. Sem dar detalhes, também criticou supostos casos de forças-tarefas que escolhem processos por 'juízos de valores ideológicos'.

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Aras afirmou ainda que tem buscado fugir da 'espetacularização' e investido em ações preventivas para mudar o 'perfil punitivista' do Ministério Público Federal.

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Voltando a falar sobre a necessidade de ampliar a transparência, o procurador-geral, que foi nomeado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) mesmo sem figurar entre as sugestões mais votadas nas eleições internas da instituição, disse que as listas tríplices são 'fraudáveis' e que não podem existir 'caixas-pretas' no MPF.

"A meta é abrir esta instituição para que jamais se diga que esta instituição possa ter caixas-pretas. A meta é dizer: lista tríplice fraudável nunca mais, porque nós temos relatórios de perícia, um da CGU (Controladoria Geral da União), um do órgão interno e um que ainda não foi entregue pelo Ministério do Exército, que falam que eram fraudáveis. Não posso dizer fraudadas, porque o mecanismo era tão poderoso que não deixava rastros", afirmou.

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