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Crédito para as PMEs: alternativas e medidas do governo diante da pandemia

Por Alexandre Amitay
Atualização:
Alexandre Amitay. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Vivemos um tempo de grandes incertezas. Ao longo de nossa vida profissional, muitos de nós já passamos por inúmeros desafios diante de crises econômicas, políticas, episódios inusitados e rupturas. Mas nada se aproxima do que está acontecendo agora. A pandemia de covid-19 fez com que a economia brasileira, que crescia ao longo dos últimos anos (ainda que em ritmo lento), puxasse o freio de mão de maneira forçada, e milhões de pessoas tiveram sua renda ameaçada do dia para a noite.

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Grande parte da força de trabalho no Brasil atua nas Pequenas e Médias Empresas (PMEs), segmento que mais emprega no país. São mais de 4,5 milhões de instituições, responsáveis por quase 30% do PIB e, possivelmente, o grupo mais afetado pela crise de crédito que se alastrou pelo mercado.

Naturalmente, em tempos de instabilidade, as ofertas de crédito se tornam mais caras e escassas - pelo maior receio de que os tomadores de empréstimos não honrem seus compromissos. Um ciclo vicioso ganha força prejudicando a todos. Com suas atividades afetadas, as empresas tentam recorrer aos bancos em busca de financiamento. Os bancos, por sua vez, acabam restringindo o acesso a capital. A falta de recursos provoca a falência de muitos negócios, gerando desemprego e alimentando uma desconfiança ainda maior por parte dos credores de empréstimos.

Diante do cenário, faz-se necessária uma grande injeção de recursos por parte do governo na economia para mantê-la girando. Desde o início da pandemia, foram colocadas em prática iniciativas com o objetivo de fazer o crédito chegar às PMEs. Entre elas, duas linhas de crédito do BNDES, Crédito Pequenas Empresas e Crédito de Salários. O primeiro com a finalidade de garantir capital de giro, e o segundo para pagamento de salários (recurso vai direto para a conta do empregado). Outra linha de crédito é o Proger Urbano Capital de Giro, fornecida por meio dos recursos excedentes do Fundo de Amparo ao Trabalhador.

Na hora de negociar crédito, uma dica para maior chance de sucesso é avaliar alternativas disponíveis no mercado. O empreendedor pode entrar em contato com sua instituição bancária e buscar conhecer as linhas disponíveis. Pelo relacionamento já existente, o banco provavelmente conhece a realidade da sua empresa, o que tornará a análise de seu pedido por crédito mais rápida.

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Caso tenha optado por manter os seus funcionários e tenha o processamento de folha feito diretamente pelo banco, não hesite em tomar a linha de crédito de pagamento de salários. Mesmo se tiver disponibilidade no caixa, considere utilizar essa linha e manter reservas para eventualidades. A regra de ouro atualmente é preservar o caixa.

É importante lembrar que, apesar de disponíveis, um percentual pequeno da capacidade dessas linhas foi de fato utilizado. Até o dia 26 de maio, apenas 5% dos R$ 40 bilhões oferecidos pelo governo haviam sido registrados. Essa situação está acontecendo não pela falta de demanda, mas pela ineficiência na operacionalização das linhas pelos agentes repassadores, os grandes bancos de varejo. Se este panorama não se modificar, cada vez mais veremos empresas médias virando pequenas e pequenas deixando de existir. É necessário que a distribuição se torne mais eficiente, fazendo com que o dinheiro chegue na ponta e a economia volte a girar.

*Alexandre Amitay é sócio no Grupo Solum

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