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Covid-19 e os efeitos na saúde mental dos empresários 

Por Luan Diego Marques
Atualização:
Luan Diego Marques. Foto: Divulgação

Desde o início a pandemia tem gerado impactos diretos em toda população, principalmente no ramo dos empresários que viram uma mudança abrupta de sua rotina de vida e de seus negócios. 

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Gerenciar uma empresa sempre foi visto como desafiador para a saúde mental de toda pessoa, pois imprevistos e oscilações podem acontecer. Entretanto, a intensidade imposta pela pandemia contribuiu para perdas não só de lucros, mas de saúde mental.

Um dos fatores que contribuem para o adoecimento dos empresários é a natureza exigente do trabalho. Construir um negócio não é uma tarefa fácil e, quando você está no comando de tudo, os níveis de estresse e pressão são inevitavelmente maiores. É mais provável que as linhas entre a vida e o trabalho sejam confusas. O empreendedorismo pode ser uma experiência solitária.

Ao mesmo tempo, os empreendedores enfrentam os desafios de trabalhar em casa e estar isolados da família e dos amigos. Sabemos que relações sociais saudáveis são fatores importantes para ganho de saúde mental. 

Outro importante perigo para a comunidade de empreendedores são as pressões sofridas por discursos populares que o empresário deve trabalhar muitas horas, que "dormir é para os fracos", quando normalizamos tal discursos muitos empresários tendem a pensar que essas formas de vida extremas e doentias são apenas algo pelo qual deve se empenhar e pelo qual a sociedade espera do empresário.

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Precisamos validar as emoções e permitir que o empresário reconheça suas vulnerabilidades para que assim sintam-se conscientes para pedir ajuda, quando necessária. 

As mudanças são responsáveis pelo aumento do estresse, piora no padrão de sono e consequentemente um maior risco de desenvolver depressão. A motivação é abalada pelas perspectivas negativas dos dados da economia. 

Uma boa recomendação para este período tão difícil é estabelecer boas conexões interpessoais, sabemos que a proximidade física está limitada mas isso não impede as conexões. Dividir sobre como se sente, suas preocupações, aprender com outras pessoas que já passaram por períodos difíceis pode criar um ambiente de compreensão e aprendizado. 

Enquanto a sociedade está gradualmente se tornando mais consciente da saúde mental, o mesmo progresso é mais lento na comunidade empreendedora, onde as mensagens de autocuidado, equilíbrio entre vida pessoal e profissional e priorização da saúde muitas vezes se perdem em um mar de mensagens sobre "lutar, lutar e não fragilizar". Precisamos aos poucos mostrar que admitir vulnerabilidades também é um ato de força.

*Luan Diego Marques, psiquiatra, especialista em Terapia Interpessoal pelo Serviço de Assistência e Pesquisa em Violência e Estresse Pós Traumático (PROVE) ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). 

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