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Covid-19 e o risco de colapso do sistema funerário

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Por João Lopes de Oliveira
Atualização:
Covas no cemitério da Vila Formosa. FOTO: FERNANDO BIZERRA JR./EFE Foto: Estadão

A dramática experiência imposta pela pandemia do novo coronavírus tem sido ilustrada por imagens fortes transmitidas por emissoras de TV ou via internet. Mostram, por exemplo, caminhões militares lotados de caixões na Itália, um dos países mais afetados pela covid-19; no Equador, corpos abandonados nas ruas, porque não havia número suficiente de ambulâncias, veículos funerários e locais para sepultar os mortos; no Brasil, exibiu-se um grande número de covas sendo abertas no chão de terra do Cemitério de Vila Formosa, em São Paulo. Entretanto, a previsão do Ministério da Saúde é de que o pico da doença ainda está para acontecer.

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Caso a situação seja semelhante às dificuldades vividas por outros países, poderá até haver falta de vagas para sepultamentos. A possibilidade de se formar um quadro mais hostil vem sendo desenhada pela imprensa. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, a expectativa de um aumento significativo do número de vítimas da covid-19, ainda neste mês de abril, levou a Prefeitura de São Paulo a ampliar em 55% a frota de veículos para transporte de corpos, de 36 para 56 carros funerários.

Dos 257 sepultadores dos 22 cemitérios públicos paulistanos, 152 estão afastados por serem de grupo de risco (a Prefeitura promete contratar emergencialmente 220 novos coveiros). Caso a situação tome proporções ainda mais difíceis, poderá haver dificuldades até para a realização de enterros, por falta de vagas.

De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, funcionários do Vila Formosa relatam que o número de enterros diários saltou de 40 para 58 nas últimas semanas, o que significa uma elevação de cerca de 45%. Metade deles está relacionada à covid-19. A Folha, por sua vez, informa que os cemitérios públicos da capital paulista recebem de 30 a 40 corpos por dia de pessoas que morreram com suspeita de contaminação pelo novo coronavírus, mas sem comprovação do teste laboratorial. Além disso, os enterros são rápidos, com cerca de 10 minutos.

Num cenário de agravamento, muitos municípios precisarão recorrer aos cemitérios particulares. Embora nem todos possam estar preparados para um eventual aumento de procura. Para isso, precisam ter túmulos ou gavetas disponíveis, insumos e pessoal suficientes.  Eles, entretanto, deverão ser chamados pelas autoridades e poderão contribuir para minorar um eventual colapso do sistema funerário público e ainda oferecer um tratamento mais digno às famílias das vítimas.

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*João Lopes de Oliveira é sócio-fundador do cemitério Colina dos Ipês, de Suzano

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