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Corpo de Capitão Adriano é exumado e vai passar por novos exames

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Por Pepita Ortega e Tailane Muniz
Atualização:
Capitão Adriano, líder de milícia que morreu na Bahia. Foto: Polícia Civil

O corpo do miliciano Adriano Magalhães da Nóbrega, conhecido como Capitão Adriano, foi exumado nesta segunda-feira, 12, a pedido do Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), com autorização dos tribunais de Justiça do Rio e da Bahia. Ligado à família Bolsonaro, o miliciano foi morto em fevereiro de 2020, no município de Esplanada, a cerca de 160 km de Salvador, após operação conjunta entre a Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) e da Secretaria de Polícia Civil do Rio de Janeiro (Sepol).

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Os novos exames ainda não ficaram prontos mas, segundo afirmou o MP-BA, têm o objetivo de detalhar as lesões provocadas pelos tiros, a fim de esclarecer com precisão as circunstâncias da morte. A reportagem procurou o Departamento de Polícia Técnica (DPT) do Rio para mais detalhes, mas ainda não obteve retorno.

O corpo de Adriano já passou por duas necropsias que indicaram que o miliciano foi morto por dois tiros de fuzil, disparados a, no mínimo, um metro e meio de distância. Laudo do Instituto Médico Legal do Rio indicou ainda que o miliciano tinha nas costelas fraturas compatíveis com tiros e não apresentava "lesões violentas" - que poderiam indicar tortura.

À época em que os primeiros exames foram divulgados, o diretor do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), delegado Marcelo Sansão, disse que a conclusão do inquérito teve como base uma reprodução simulada, além de testemunhos e exames do DPT. Um dos responsáveis pela produção simulada, o perito criminal José Carlos Montenegro reforçou que os policiais foram ouvidos separadamente e ainda que o miliciano disparou sete vezes, sendo que dois projéteis atingiram o escudo dos policiais e os demais a parede e uma janela do sítio em que estava escondido.

Adriano era apontado por investigadores do Rio como chefe do Escritório do Crime, milícia  especializada em homicídios por encomenda e ligada a Ronnie Lessa, ex-PM preso sob acusação de ter matado a vereadora Marielle Franco e o motorista Anderson Gomes, em março de 2018. No entanto, a apuração mais sensível contra o miliciano era a que mira suposto esquema de 'rachadinha' no gabinete do senador Flávio Bolsonaro, filho '01' do presidente, à época em que ocupava uma cadeira na Assembleia Legislativa do Rio.

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De acordo com as investigações do Ministério Público do Rio, Adriano integrava 'o núcleo executivo da organização criminosa' denunciada, célula do grupo que era liderada pelo senador Flávio Bolsonaro. A mãe do miliciano, Raimunda Veras Magalhães, e a ex-mulher Danielle Mendonça da Costa foram assessoras do então deputado. Os investigadores apontam ainda ao menos sete ligações entre o miliciano e o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, suposto operador do esquema instalado no gabinete do filho mais velho do presidente.

Em 2005, o ex-capitão do Bope chegou a ser condecorado por Flávio com a Medalha Tiradentes, considerada a maior honraria do fluminense. Após a morte, tanto Flávio quanto o pai, o presidente Jair Bolsonaro (Patriota), afirmaram que Adriano havia sido "vítima de execução com o apoio do governo da Bahia".

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