Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

Copom: agora é hora de focar na inflação

PUBLICIDADE

Por Josilmar Cordenonssi Cia
Atualização:
Josilmar Cordenonssi Cia. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central terá que tomar uma decisão difícil nessa quarta-feira, 17 de março. Por um lado, a inflação sobe velozmente, semana após semana, por outro a economia não se mostra estagnada ou até caindo levemente com o fim dos estímulos fiscais do governo, como o auxílio emergencial. Muitos atribuem a esses estímulos a menor queda do PIB observada em 2020 do que era esperada em março do ano passado, mas, também, pela volta rápida da inflação.

PUBLICIDADE

Com o fim do "orçamento de guerra" (e os estímulos fiscais) em dezembro de 2020, era esperado que a inflação, que era fortemente concentrada em alimentos, perdesse o ritmo de alta. E com o início da vacinação em janeiro, esperava-se que a economia continuaria em uma trajetória de recuperação, dispensando novos estímulos fiscais, mas ainda dependente de uma Selic ainda de 2%, até pelo menos o final de 2021.

Ao contrário do que muitos esperavam, as reformas econômicas que ajudariam no controle de gastos futuros do governo (administrativa) e em uma racionalização e simplificação do sistema tributário, foram deixadas de lado ou estão sendo desidratadas. A PEC Emergencial ainda conseguiu manter o "espírito" da lei do teto de gastos, mantendo uma certa credibilidade de que ele será respeitado. Mas é pouco para um governo que se apresentou nas eleições como liberal. Essa piora das expectativas quanto à consolidação fiscal, fez com que os juros dos títulos de longo prazo e o dólar subissem, dado o maior risco fiscal. O real foi a moeda que mais se desvalorizou no mundo emergente, desde o início da pandemia, pressionando a inflação. Desde o início de 2020, o dólar subiu quase 40% aqui no Brasil, enquanto subiu 12% no Peru e 3% no Paraguai, apesar de toda a turbulência política vivida nesses países. Essa comparação, talvez sirva para termos uma ideia do nosso próprio risco político, em plena metade de mandato presidencial.

Pelo boletim Focus do Banco Central, pode-se ver que as expectativas da inflação desse ano (cuja meta é de 3,75%) estão se deteriorando muito rapidamente e comprometendo a meta de 2022, que é ainda menor 3,50%. O Copom deve ponderar vários riscos no cenário atual, mas, no momento, o maior risco do Banco Central é perder a sua credibilidade, pois recuperá-la é muito custoso e leva tempo. As expectativas giram em torno de um aumento da Selic entre 0,50% e 0,75%. Ficar abaixo disso, pode ser comemorado por alguns, mas possivelmente exigirá uma taxa maior do que a necessária, no futuro, para recuperar a credibilidade.

*Josilmar Cordenonssi Cia é graduado em Economia, mestre e doutor em Administração de Empresas. Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.