Rayssa Motta
19 de junho de 2020 | 16h34
O senador Fabiano Contarato (Rede-ES) encaminhou, nesta sexa-feira, 19, um ofício ao Supremo Tribunal Federal pedindo a apreensão do passaporte do ministro demissionário da Educação, Abraham Weintraub, para evitar que ele saia do País enquanto durar o inquérito das fake news. O documento foi encaminhado ao ministro Alexandre de Moraes, que conduz as investigações.
Contarato solicita que uma medida cautelar proibindo Weintraub de fazer viagens ao exterior seja lançada no sistema de tráfego internacional e que seu passaporte seja recolhido pelas autoridades. O pedido veio após o ministro recém-demitido anunciar, nas redes sociais, que está de saída do País.
Aviso à tigrada e aos gatos angorás (gov bem docinho). Estou saindo do Brasil o mais rápido possível (poucos dias). NÃO QUERO BRIGAR! Quero ficar quieto, me deixem em paz, porém, não me provoquem!
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 19, 2020
O governo oficializou ontem a saída de Weintraub em um vídeo publicado nas redes sociais que contou com a participação do próprio ministro e do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Os dois aparecem lado a lado e comunicam a exoneração. Na gravação, Weintraub diz que ‘desta vez é verdade’.
Agradeço a todos de coração, em especial ao Presidente @jairbolsonaro
— Abraham Weintraub (@AbrahamWeint) June 18, 2020
O melhor Presidente do Brasil!
LIBERDADE!https://t.co/zYLGh4hntI
Amigo dos filhos do presidente, o ministro vinha resistindo no cargo nos últimos meses por manter o apoio da ala ideológica do governo, da qual fazia parte. Bolsonaro relutava em demiti-lo para não desagradar a parte mais ruidosa do seu eleitorado, mas a pressão pela exoneração, iniciada com críticas na comunidade acadêmica e nos meios estudantil e político, aumentou após a escalada de tensão entre o Planalto e o STF – que teve como um dos pivôs o próprio Weintraub. A saída do ministro foi lida como um gesto de trégua do governo.
Bolsonaro ao lado de Abraham Weintraub durante evento em março passado. FOTO: CASA CIVIL/PR
Na reunião ministerial de 22 de abril, a portas fechadas com a cúpula governista, o então ministro da Educação chama os integrantes do Supremo de ‘vagabundos’ e pede sua prisão. A declaração lhe rendeu a inclusão como investigado no inquérito das fake news.
Além disso, o ministro demissionário é investigado por racismo em razão de um tuíte no qual insinuou que a China vai sair fortalecida da crise causada pelo coronavírus, apoiada por seus ‘aliados no Brasil’.
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