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Contabilidade paralela foi pedido de Marcelo Odebrecht, diz delatora

Maria Lúcia Tavares, secretário da empreiteira que cuidava da 'rede de distribuição de acarajés' - propina para a Lava Jato - afirmou em sua delação premiada que foi presidente do grupo que solicitou sistema 'profissional' de contabilidade da corrupção

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Foto do author Fausto Macedo
Foto do author Julia Affonso
Por Ricardo Brandt , Fausto Macedo e Julia Affonso
Atualização:
 

A secretário da Odebrecht Maria Lúcia Tavares declarou em sua delação premiada, fechada com a Operação Lava Jato, que o presidente afastado do grupo, Marcelo Bahia Odebrecht, foi quem solicitou a criação da planilha de pagamentos paralelos identificada na Operação Xepa, 26.ª fase deflagrada nesta terça-feira, 22.

A procuradora da República Laura Gonçalves Tessler, da força-tarefa da Lava Jato, afirmou nesta terça-feira, 22, que o ex-presidente da Odebrecht "comandava a sistemática de pagamento de propina".

Marcelo Odebrecht foi preso na Operação Erga Omnes, em 19 de junho de 2015.

 

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"Outro elemento importante que nós verificamos foi a realização do sr. Marcelo Odebrecht diretamente no pagamento da propina. O envolvimento dele: há referências às iniciais do sr. Marcelo Odebrecht em planilhas apreendidas. Tanto as iniciais 'MBO', Marcelo Bahia Odebrecht, quanto 'DP', diretor-presidente. Essas duas referências são feitas nas mesma tabela, o que deixa bastante evidente que de fato o coordenador, o responsável por aquela solicitação de pagamento indevido é Marcelo Odebrecht.", afirmou a procuradora.

"Além das referências existentes nessas tabelas, as anotações constantes dos celulares do sr. Marcelo Odebrecht também se compatibilizam absolutamente com o que consta dessas tabelas. Para a gente reforça ainda mais a convicção de que o sr. Marcelo Odebrecht não só tinha conhecimento como comandava toda essa sistemática de pagamento de propina, inclusive teve participação de funcionários que foram, quando de sua prisão, levados para o exterior. Não apenas para fugir das investigações como para dar continuação a esse pagamento ilícito."

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Em março deste ano, o empresário foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Na sentença, o juiz federal Sérgio Moro, que conduz as ações na 1ª instância, considera que houve fraudes nas licitações seguidas de pagamentos de propinas nas obras das refinarias Presidente Getúlio Vargas (Repar), no Paraná, Abreu e Lima (Rnest), em Pernambuco, no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) e no contrato de fornecimento de Nafta da Petrobrás para a Braskem, empresa controlada pela Odebrecht.

A Operação Xepa é um desdobramento da Acarajé, 23ª fase da investigação que atingiu o publicitário João Santana e a mulher e sócia Monica Moura. O casal trabalhou em campanhas eleitorais da presidente Dilma e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

 
 

A força-tarefa da Operação Lava Jato investiga uma 'estrutura secreta' do Grupo Odebrecht usada para 'pagamentos ilícitos'.

A procuradora destacou. "Esse setor de operações estruturais tinha funcionários exclusivamente voltados para essa prática ilícita, secretários, empresários que se dedicavam a essa contabilidade paralela, se comunicando pela utilização de codinomes", afirmou. "Faziam em quantidades absolutamente expressivas, contas movimentando, se chegou a observar mais de R$ 9 milhões de um dia para o outro em dinheiro em espécie."

COM A PALAVRA, A ODEBRECHT: "A Odebrecht confirma que a Polícia Federal cumpriu hoje mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil. A empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários."

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