Foto do(a) blog

Notícias e artigos do mundo do Direito: a rotina da Polícia, Ministério Público e Tribunais

'Consultoria' de Delfim fraudou leilão de Belo Monte, afirma procurador

Athayde Ribeiro Costa, da força-tarefa da Lava Jato, afirma que poderoso ex-ministro do milagre econômico, alvo da Buona Fortuna, 49.ª fase da operação, 'ajudou o governo federal a estruturar o consórcio Norte Energia, que foi formado por diversas empresas que a rigor não teriam capacidade para o empreendimento'

PUBLICIDADE

Foto do author Julia Affonso
Foto do author Luiz Vassallo
Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso , Ricardo Brandt , Luiz Vassallo e Fausto Macedo
Atualização:

Delfim Netto. Foto NILTON FUKUDA/AE 

O procurador Athayde Ribeiro Costa, da força-tarefa da Operação Lava Jato, declarou nesta sexta-feira, 9, que a 'consultoria' do ex-ministro Antonio Delfim Netto na construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte 'na verdade constituiu uma fraude ao leilão'. O Ministério Público Federal, em Curitiba, afirma que o ex-ministro da Fazenda da ditadura recebeu R$ 15 milhões em propina por ter ajudado a estruturar o consórcio que participou das obras da usina.

Publicidade

O procurador citou o nome do pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula. O pecuarista, já condenado na operação, não é alvo desta fase da investigação. Segundo o procurador, Bumlai ajudou na formação do consórcio, mas 'não se apurou vantagem indevida a ele'.

"Segundo a investigação, Delfim Netto em conjunto a Bumlai, ajudou o governo federal a estruturar o consórcio Norte Energia, que foi formado por diversas empresas que a rigor não teriam capacidade para o empreendimento. Em virtude dessa ajuda que, na verdade, constituiu uma fraude ao leilão, Delfim Netto foi angariado com o direcionamento das vantagens indevidas que (Antonio) Palocci (ex-ministro dos Governos Lula e Dilma) havia pedido ao PT e ao MDB."

RELEMBRE: + Sobrinho de Delfim Netto diz à PF que 'não se recorda' de R$ 240 mil da Odebrecht

Sobrinho de Delfim Netto agora 'se lembra' de R$ 240 mil da Odebrecht

'Nunca recebi nada por Belo Monte', afirma Delfim Netto

Publicidade

O procurador sustenta que os pagamentos de propina foram feitos em espécie, no caso da Odebrecht, e em relação às demais empresas em contratos fictícios, um com a empresa LS, do qual é sócio o sobrinho de Delfim Netto, Luiz Appolonio, e à empresa Aspen, da qual é sócio Delfim.

PUBLICIDADE

"Ressalto que os contratos pelos serviços de consultoria eram inexistentes", relatou o procurador.

A Buona Fortuna já rastreou pagamentos que somam R$ 4,4 milhões de um total estimado em R$ 15 milhões, pelas empresas Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez, Odebrecht, OAS e J. Malucelli, todas integrantes do Consórcio Construtor de Belo Monte, em favor de pessoas jurídicas relacionadas a Delfim.

No caso da Odebrecht os pagamentos foram registrados no sistema de controle de propinas da empresa ('Drousys'), com o codinome 'Professor'. O nome da operação é uma referência a uma das empresas de consultoria de Delfim, a 'Buona Fortuna'.

Delfim foi o todo poderoso ministro da Fazenda do regime militar, entre 1967 e 1974. Ele ficou famoso como o ministro do 'milagre econômico'.

Publicidade

COM A PALAVRA, A DEFESA DE PALOCCI

A reportagem está tentando contato com a defesa do ex-ministro Antônio Palocci. O espaço está aberto para manifestação.

COM A PALAVRA, OS ADVOGADOS FERNANDO ARANEO, RICARDO TOSTO E JORGE NEMR, QUE DEFENDEM DELFIM NETTO

"O professor Delfim Netto não ocupa cargo público desde 2006 e não cometeu nenhum ato ilícito em qualquer tempo. Os valores que recebeu foram honorários por consultoria prestada."

COM A PALAVRA, LUIZ APPOLONIO NETO

Publicidade

A defesa de Luiz Appolonio Neto, representada pelo advogado Fernando Araneo, sócio do Leite, Tosto e Barros Advogados, "refuta veementemente as acusações e esclarece que sua vida profissional sempre foi pautada pela legalidade".

COM A PALAVRA, O MDB

NOTA - MDB LAVA JATO

O MDB não recebeu propina nem recursos desviados no Consórcio Norte Energia. Lamenta que uma pessoa da importância do ex-deputado Delfim NetTo esteja indevidamente citado no processo. Assim, como em outras investigações, o MDB acredita que a verdade aparecerá no final.

COM A PALAVRA, O PT

Publicidade

NOTA DO PT LAVA JATO ATACA O PT NO ANO ELEITORAL

As acusações dos procuradores da Lava Jato ao PT, na investigação sobre a usina de Belo Monte, não têm o menor fundamento. Na medida em que se aproximam as eleições, eles tentam criminalizar o partido, usando a palavra de delatores que buscam benefícios penais e financeiros.

Brasília, 9 de março de 2018.

Assessoria de Imprensa do Partido dos Trabalhadores

COM A PALAVRA, ODEBRECHT

Publicidade

"A Odebrecht está colaborando com a Justiça no Brasil e nos países em que atua. Já reconheceu os seus erros, pediu desculpas públicas, assinou um Acordo de Leniência com as autoridades do Brasil, Estados Unidos, Suíça, República Dominicana, Equador, Panamá e Guatemala, e está comprometida a combater e não tolerar a corrupção em quaisquer de suas formas."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.