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Condomínio e o grupo do WhatsApp

Por Luciana Graiche
Atualização:
Luciana Graiche. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Aplicativos de mensagem instantânea, como o WhatsApp, sem dúvida facilitaram a comunicação, principalmente em tempos de isolamento social, em função da pandemia. Centenas de pessoas podem interagir, inclusive por meio de grupos, que vão desde os criados apenas para entretenimento, até os voltados para direcionar e discutir informações de interesse coletivo, como os grupos de condomínios que, normalmente, reúnem síndico, moradores, funcionários e outros participantes da administração condominial.

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O grupo de conversa instantânea traz significativa agilidade, mas deve ser utilizado com bom senso, para que atinja os objetivos propostos, além do que, não deve ser tido como um canal oficial de comunicação, mas apenas como uma opção, nunca em substituição às demais vias mais tradicionais como e-mails, comunicados e tratativas pessoais. Importante ressaltar: nenhuma discussão trazida ao grupo de bate-papo tem força legal, não havendo nada que substitua as assembleias.

No âmbito condominial, é comum que dois grupos sejam criados: um apenas para transmissão, em que o síndico passa recados importantes e pontuais, e outro mais interativo com os condôminos e, neste último, é primordial definir alguns pontos e limites para que a ferramenta cumpra com o seu objetivo: o de se ater às questões condominiais e do interesse de todos. É importante, então, predefinir assuntos e termos não permitidos, como fofocas; política; religião; palavras discriminatórias; termos pornográficos; linguagem agressiva e palavrões. Situações como essas podem trazer ônus, inclusive em esfera judicial e/ou policial.

Importante lembrar que os registros, ofensas e posicionamentos podem ser vistos e arquivados por todos os participantes do grupo, e ainda são passíveis de alastramento, caso compartilhados com terceiros. O mesmo vale para compartilhamento de vídeos ou fotos de outras pessoas. O risco do dever de indenizar aumenta consideravelmente quando se trata de um grupo populoso.

Situações mais descontraídas, mesmo que com a melhor das intenções, também devem ser evitadas. Atualmente, as figurinhas e memes são a "sensação" do momento, além das tradicionais imagens com votos de bom dia e mensagens motivacionais. A questão é que, geralmente, em um grupo de condomínio, esse tipo de postagem não cabe, tanto porque não tem relevância, como porque desagrada algumas pessoas, como também porque pode gerar uma avalanche de mensagens paralelas que acabam se sobrepondo a outros assuntos mais importantes. Como costumeiramente os usuários do Whatsapp participam de muitos grupos, na maior parte das vezes acabam não lendo todo o conteúdo, principalmente se a quantidade de mensagens for elevada, o que impacta negativamente no objetivo principal de um grupo de condomínio, que é trazer informações locais relevantes.

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Mesmo colocando regras para uma utilização harmoniosa, é sabido que, onde há muitas pessoas com diferentes linhas de pensamentos, mais cedo ou mais tarde algum atrito pode ocorrer e a conciliação acaba ficando por conta do síndico que, muitas vezes, em nada colaborou para o conflito. Se o síndico não desejar administrar as possíveis desordens, o ideal, então, é criar apenas uma lista de transmissão com todos os contatos que tenham manifestado desejo de receberem as informações nesse formato. Neste modelo, os contatos não conseguem se manifestar no grupo e, se for o caso, precisarão registrar alguma dúvida ou posicionamento em uma conversa privada.

Cada condomínio precisa encontrar a melhor forma para incentivar a comunicação saudável entre os conviventes. De modo geral, o grupo do condomínio no WhatsApp ou em outras plataformas de mensagem instantânea é uma ótima ferramenta, que auxilia muito o dia a dia da operação condominial, principalmente para recados rápidos e urgentes, como falta de energia, suspensão de uso de alguma área ou equipamento para manutenção, levantar opinião sobre algum procedimento, entre outras situações que envolvem a rotina do local onde todos convivem.

A comunicação é mesmo fundamental para o entendimento e resolução das coisas e os aplicativos de conversa virtual, de fato, facilitam e agilizam a entrega de avisos internos e outras conversações, mas é preciso ter muita cautela e organização, porque dentro de um condomínio, se for feita de forma errada, pode colocar todo esse propósito a perder.

*Luciana Graiche é vice-presidente do Grupo Graiche

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