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Condenado, Azeredo continua exercendo cargo na Fiemg

Ex-governador de Minas Gerais e ex-presidente do PSDB segue atuando como consultor para a Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais, cargo pelo qual recebe salário de R$ 25 mil mensais

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Por Mateus Coutinho e Julia Affonso
Atualização:

O ex-governador de Minas e ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo. Foto: Estadão

Condenado a 20 anos e 10 meses de prisão por seu envolvimento no mensalão tucano, o ex-governador de Minas Gerais e ex-presidente do PSDB, Eduardo Azeredo, vai continuar à frente de seu cargo de consultor para as áreas internacional e de ciência da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg). Mesmo diante de uma das maiores crises da indústria nos últimos anos, o tucano condenado por desviar e lavar dinheiro recebe salário de R$ 25 mil mensais pela função que exerce desde maio deste ano.

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Questionada pela reportagem após a condenação de Azeredo, a Fiemg informou apenas que não vai tomar nenhuma medida em relação ao tucano, que como foi condenado em primeira instância está em liberdade e ainda pode recorrer da sentença, a maior para um político condenado no mensalão. Além disso, ele é o único político condenado em ação criminal do mensalão tucano - esquema de desvio de dinheiro de estatais mineiras para abastecer a campanha de Azeredo ao governo de Minas em 1998 - 17 anos após os crimes ocorrerem.

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Em entrevista ao Estado na sexta-feira, 18, Azeredo acusou a juíza que o condenou de "não ler" os argumentos de sua defesa e disse que sua sentença foi uma "compensação política" e que vai recorrer.

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A atividade empresarial não é a única que o tucano vem mantendo. Em julho deste ano ele participou da convenção nacional do PSDB ao lado de nomes da cúpula da sigla, como o atual presidente da legenda, senador Aécio Neves e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Sede da Fiemg em Belo Horizonte. Foto: Divulgação

Azeredo foi denunciado pelo desvio de ao menos R$ 3,5 milhões de estatais mineiras por meio das empresas de publicidade de Marcos Valério - esquema conhecido como "valerioduto" e que também abasteceu o escândalo petista anos depois - que cumpre pena de 37 anos de prisão estabelecida pelo Supremo no processo do mensalão petista, ocorrido durante o primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na Presidência da República.

Em fevereiro do ano passado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, havia pedido ao Supremo Tribunal Federal a condenação do tucano - então deputado federal - a 22 anos de prisão. Azeredo renunciou ao mandato. Como ele perdeu o foro privilegiado e a ação penal no Supremo passou a tramitar na primeira instância.

O tucano teria utilizado contratos de publicidade de fachada para os eventos esportivos Enduro da Independência, Mundial de Supercross e Iron Biker patrocinados pelas estatais mineiras Comig (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais, atualmente Codemig), Copasa (Companhia de Saneamento de Minas Gerais) e o extinto Bemge (Banco do Estado de Minas Gerais, privatizado em 1998) por meio da SMP&B Comunicação e da DNA propaganda, usadas por Marcos Valério para abastecer os esquemas petista e tucano.

Esse dinheiro, segundo a juíza Melissa da Costa Lage, da 9ª Vara Criminal de Belo Horizonte, abasteceu o caixa 2 da campanha de Azeredo em 1998. "Criou-se uma organização criminosa complexa, com divisão de tarefas aprofundada, de forma metódica e duradoura", assinala a juíza na sentença.

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COM A PALAVRA, O PSDB:

"A decisão de primeira instância em relação a Eduardo Azeredo surpreendeu a todo o PSDB que conhece a trajetória política e a correção que sempre orientou a vida do ex-senador e ex-governador.

Respeitamos a decisão da Justiça, mas estamos confiantes de que nas instâncias superiores o ex-senador possa apresentar as razões de sua inocência e haja reavaliação da decisão."

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