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Concorrência a favor da recuperação da economia

Por Marcelo de Souza e Silva
Atualização:
 Foto: Acervo Pessoal

Há uma regra clara, inquestionável e imprescindível na economia de mercado: quanto maior a concorrência e menor a interferência do Estado, melhor para consumidores e comerciantes. E, consequentemente, para a economia e o país. Nos últimos dias, tivemos boas notícias que apontam para esse caminho ao vermos um aumento da concorrência entre as empresas de máquinas de pagamento, o que tende a ser positivo para lojistas e compradores. Mas é preciso acompanhar a situação com atenção.

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O primeiro passo foi dado pela Rede, empresa do Itaú, que anunciou que pagará todas as vendas a crédito aos comerciantes em dois dias, eliminando a necessidade do varejista de antecipar o dinheiro. Ousada e agressiva, a estratégia derrubou as ações das concorrentes na Bolsa de Nova York, evidenciando a potência desse ramo de negócio. No dia seguinte, a PagSeguro reagiu e anunciou que os comerciantes poderão receber o dinheiro de suas vendas no cartão de crédito imediatamente.

As empresas de maquininhas costumam pagar ao varejista em um dia, nas vendas a débito, ou em 30, nas operações a crédito. Prazos mais curtos no crédito têm taxas maiores para o lojista. Outros operadores também entraram na dança. O Safra Pay, do Banco Safra, zerou as taxas para transações de até R$ 50 mil no cartão de crédito para empresas com faturamento anual de até R$ 50 milhões, por exemplo. Mas ainda há muito a avançar.

Essa guerra pela concorrência, em um primeiro momento, parece boa para os lojistas. Mas as entidades que representam consumidores e comerciantes devem cumprir sua função de questionar as autoridades e mostrar a seus associados eventuais riscos e propagandas enganosas. É preciso evitar a todo custo entrar nessa onda sem planejamento e prejudicar o caixa da empresa. Ou aumentar o já expressivo endividamento familiar. Ainda mais porque, atualmente, máquinas de cartão não são mais exclusividade de grandes comerciantes, mas parte essencial de um meio de vida de qualquer prestador de serviço. A cada dia que passa, o dinheiro de plástico supera o de papel.

Os varejistas precisam verificar constantemente as taxas cobradas pelos meios de pagamento, pois podem sempre se deparar com oportunidades melhores. Ou até com ofertas que não se comprovam na prática.

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A CDL de Belo Horizonte e outras associações com o mesmo propósito precisam acompanhar com lupa questionamentos feitos pelas empresas de cartão ao Cade e ao Banco Central, para aferir se as promessas estão sendo de fato cumpridas e se os benefícios não estão sendo compensados com taxas indiretas.

A cobrança de uma taxa percentual ao invés de um valor fixo sobre operações com o cartão de débito é um absurdo, já que a transação somente é efetivada se houver saldo na conta, não envolvendo credito, e o custo das operadoras é único, independentemente do valor da fatura.

O comércio --e, consequentemente, os consumidores-- vem sofrendo muito com a prolongada recessão provocada pelos equívocos dos governos que intervieram demais na lógica da economia de mercado. Juros altos, inflação crescente, desemprego recorde e consumo em baixa formaram a penosa realidade dos últimos anos.

Agora, há sinais de recuperação no ar. O consumo começa a despertar. A reforma da previdência anda no Congresso, apesar das dificuldades. A tecnologia aproxima compradores e vendedores e reduz os custos das operações.

Ainda há muito a ser feito. Uma reforma tributária é essencial. A redução da burocracia tornará o ambiente de negócios mais atrativo. Bancos e operadores de cartões precisam se entender para reduzir taxas e eliminar exclusividades.

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A CDL fará sua parte. Vamos criar um grupo de trabalho que reúna bancos, operadoras de cartão, entidades do governo e representantes dos consumidores para discutir as melhores formas para que todos possam reduzir seus custos e otimizar a recuperação econômica. Crise e recessão prejudicam a todas a sociedade. Precisamos entender como esse aumento da concorrência vai afetar a vida dos lojistas e dos consumidores e evitar armadilhas e obstáculos que impeçam que a redução de custos cheguem à ponta da cadeia de consumo.

Nosso objetivo é sempre melhorar as condições para comerciantes e consumidores. Quanto maior a concorrência e menor a interferência do estado, melhor para todos. Vamos fazer nossa parte para que a roda da economia volte a girar. Esperamos que o Dia das Mães, segunda melhor data para o comércio, já reflita essa retomada.

*Marcelo de Souza e Silva, 53 anos, é empresário, administrador de empresas e presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (2019-2021)

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