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Como o cuidado com a saúde mental ajuda na capacitação de líderes?

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Por Tatiana Pimenta
Atualização:
Tatiana Pimenta. FOTO: RENATO PIZZUTTO Foto: Estadão

O cuidado com a saúde mental dentro das empresas tem influência sobre todos os aspectos operacionais. A produtividade aumenta, os profissionais confiam nos tomadores de decisão, as equipes conversam entre si e o ambiente profissional é agradável e sadio. Em outras palavras, com profissionais contentes e satisfeitos, o trabalho nas empresas flui sem empecilhos.

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O mesmo se aplica à identificação e capacitação de novos líderes. O cuidado com a saúde mental de todos os indivíduos da empresa, sem distinção, cria um ambiente propício para a formação de talentos.

Imagine um ambiente profissional estressante cujo operacional é engessado e o relacionamento entre colaboradores e cargos de chefia é frágil. Em seguida, imagine um cenário totalmente oposto. É fácil perceber que, no primeiro, a probabilidade de insatisfação com o trabalho é muito maior. Assim, não há comprometimento com os objetivos da organização, tampouco há espaço para o desenvolvimento de competências.

A saúde mental é determinante para os comportamentos e posturas funcionais dos colaboradores no dia a dia profissional. É por meio do cuidado com ela que eles conseguem demonstrar os seus atributos positivos, fazer uso de todo o seu potencial e reduzir o estresse diário.

Formando novos líderes

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A liderança nas empresas é caracterizada por personalidades profissionais que viabilizam o trabalho de equipes por meio de orientação, incentivo, apoio, compreensão de necessidades e fornecimento de ferramentas adequadas. Essas personalidades podem ser tanto encontradas pelo RH dentro e fora da empresa quanto capacitadas para que cheguem ao patamar de líderes.

Em ambos os casos, o desenvolvimento da liderança é necessário. O profissional contratado deve ser apresentado à cultura organizacional e valores da empresa, e o profissional da casa que se torna líder deve, primeiro, aprender a ser um.

Por exemplo, ser líder é diferente de ser chefe. Enquanto o chefe dá ordens de uma posição hierárquica distante e raramente se comunica com os colaboradores, o líder vive a realidade da empresa ao lado das equipes. Ele lidera estrategicamente, observando todos os pontos frágeis da organização e oferecendo escuta aos profissionais. O seu nível de inteligência emocional é, logicamente, alto para que ele seja capaz de gerenciar crises, estreitar relacionamentos e tomar decisões.

Em uma organização onde o cuidado com a saúde mental faz parte da cultura organizacional, encontrar tais perfis é mais fácil. Não que o trabalho de busca, capacitação, avaliação e coleta de feedback do RH seja menor, mas, sim, que os indivíduos tendem a estar mais preparados para a liderança.

Cuidado com a saúde mental

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Quando o estresse domina o ambiente profissional, tudo é mais difícil. O índice de turnover é mais alto, os conflitos interpessoais são frequentes, a produtividade é mediana e a satisfação é tão baixa que os profissionais não se importam em virar as costas para a empresa diante de uma proposta mais satisfatória.

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Em uma organização cujo cuidado com a saúde mental integra a cultura organizacional, uma série de iniciativas buscam atingir esse objetivo: reuniões frequentes de departamentos, gestão de crise, investimento no desenvolvimento de soft skills (as chamadas "habilidades do futuro"), capacitação de profissionais, feedback periódico, comunicação interna eficiente, entre outras.

Neste ambiente, os profissionais compreendem a importância de priorizar a saúde mental. Dessa maneira, trabalham mais eficientemente e com consciência de suas limitações e talentos. Satisfeitos com as suas funções e prospecções para a carreira profissional, não há razão para buscar outras oportunidades.

Quando os profissionais sentem que são peças valiosas de uma organização, se permitem ser produtivos, visionários e criativos. Eles também abraçam os objetivos da empresa, estreitando a sua visão acerca do impacto do seu trabalho na vida dos consumidores. Como tem confiança na organização, não têm medo de errar e trazer inovações. Deste modo, a identificação de personalidades com potencial para a liderança é feita com maior facilidade.

Capacitação de líderes

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Como capacitar líderes neste contexto? Primeiramente, a empresa deve esclarecer o papel desempenhado pelo líder e cargos correlatos, como coordenador, gerente e supervisor. Com as funções alinhadas, o trabalho do líder é fluído e livre de obstáculos. Além disso, a busca pelo perfil profissional mais adequado é mais eficiente.

Em seguida, deve ser estruturada uma estratégia de desenvolvimento de lideranças. Cada organização possui necessidades e modo operacional únicos, então as estratégias são singulares. É ideal incluir esta metodologia no planejamento da empresa para que esteja sempre ao alcance quando necessário.

Neste processo, é preciso ter em mente que é preciso tempo para que um profissional se transforme em um bom líder. Ele precisará desenvolver as suas habilidades de gestão e inteligência emocional com o tempo, passando por experiências na prática. Então, não cabe à empresa acelerar demasiadamente esse momento de aprendizado. Ao fazer isso, pode criar uma liderança ineficiente e com medo de ser constantemente repreendida.

Por fim, o líder deve ser apresentado às ferramentas de gestão facilitadoras e habilidades emocionais durante a sua capacitação. O primeiro elemento o ajuda a desenvolver o seu próprio estilo de gestão enquanto faz correspondência às necessidades operacionais da empresa, já o segundo torna possível a aplicação das ferramentas e as ideias do líder no dia a dia profissional.

As habilidades emocionais se constituem pela autoconfiança, tolerância, coragem, persistência, controle de impulsos, racionalidade, gerenciamento de expectativas, controle de frustrações, paciência, autoconhecimento, entre muitas outras. São elas que guiam o líder para caminhos frutíferos e, consequentemente, refletem no sucesso da empresa.

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Com uma cultura organizacional voltada aos cuidados com a saúde mental, o profissional com potencial de líder já vem com soft skills e vasto conhecimento da organização. É claro que ele precisará dar continuidade ao seu processo de crescimento profissional, porém terá mais facilidade que alguém sem essa bagagem.

*Tatiana Pimenta é CEO e fundadora da Vittude

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