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Como o cenário externo afeta a economia brasileira

Muito se fala dos embates entre os Estados Unidos e China em sua Guerra Comercial, e das crises econômicas ou sociais em alguns países latinos. No entanto, pouco se foi discutido sobre a relevância destes fatos para a economia brasileira. Além disso, o que esperar da bolsa de valores brasileira e da economia interna frente aos acontecimentos ao redor do mundo? E ainda, qual o impacto das reformas que estão sendo discutidas pelos nossos governantes?

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Por Rodrigo Alcântara
Atualização:

Os Estados Unidos e a China, desde a posse de Donald Trump como presidente americano, não se relacionam de forma amistosa. As duas maiores economias do mundo estão constantemente entrando em discussões sobre tarifas de importação e exportação. Do lado dos Estados Unidos, é evidente o interesse em favorecer a economia interna (o chamado protecionismo), dificultando a entrada de produtos chineses e de outros países em sua economia. Por outro lado, a China, - economia que detinha em 2018, aproximadamente 13 dos 84 trilhões de dólares do PIB mundial e se apresenta como a segunda maior economia do mundo atrás somente dos Estados Unidos -, continua com o interesse em realizar o bom trabalho que vinha fazendo em termos de crescimento econômico, mas desacelerou devido à diminuição significativa de suas exportações.

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A expectativa de mercado é que ocorram acordos entre os Estados Unidos e a China no próximo ano. Estes acordos poderão reduzir significativamente o risco de uma recessão global, que vem pairando sobre os olhares de especialistas, e ainda irão contribuir de forma expressiva para o crescimento de países emergentes, como o Brasil.

Do lado dos Estados Unidos, a expectativa é a de continuidade na estabilidade do setor empresarial, que vem sendo construída com o governo Trump. Já do lado chinês, com uma possível redução das tarifas de importação americana, o interesse é o resultado positivo e a retomada da aceleração de setores industriais.

Em novembro foi divulgado o crescimento da produção industrial chinesa, que apesar de chegar a 4,7% no ano, não correspondeu à expectativa do mercado financeiro, que mensurava uma elevação de 5,2%, segundo a equipe de análise da XP Investimentos. Por sua vez, o interesse pela retomada da alta demanda por produtos chineses, atinge também a procura da própria China por produtos primários, como os commodities, o que também acaba favorecendo a economia brasileira.

Além do aumento das exportações brasileiras causado pela redução do risco e das possibilidades de acordos na Guerra Comercial, os países emergentes poderão se beneficiar até mesmo da melhora da taxa de câmbio, em função da diminuição da ameaça iminente.

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Na perspectiva de impactos socioeconômicos latinos na economia brasileira, diretamente ligados ao Chile e a Argentina, há um ambiente de cautela no mercado doméstico. Na Argentina, Cristina Kirchner está de volta ao governo, agora como vice de Alberto Fernández, o que poderá dificultar acordos comerciais com o Brasil, que se encontra governado por Jair Messias Bolsonaro, o opositor ao governo Kirchner. E na ótica chilena, ainda é possível ver nossos parceiros crescendo economicamente, mas retrocedendo no âmbito social, ao manter uma política, que poderá trazer problemas sérios de desigualdade e até mesmo de dificuldades na economia interna.

Frente a todos os parâmetros externos, que mais poderão impactar a nossa economia, é possível ainda ter otimismo quanto ao desenvolvimento brasileiro, levando em consideração os ajustes fiscais e reformas, que estão sendo consideradas para a pauta do congresso e que são muito bem vistas pelo mercado. A reação dos agentes na bolsa de valores não é diferente. Mais uma vez o Ibovespa renova a máxima histórica, com a cotação próxima a 109,5 mil pontos. O dólar futuro, chegou a oscilar abaixo dos 4 reais na primeira metade Novembro, gerando otimismo.

A redução do risco de recessão mundial e a esperança em relação aos acordos entre os Estados Unidos e a China - que irão favorecer os dois grandes parceiros comerciais do Brasil -, ofuscam os problemas de nossos vizinhos. O impacto positivo poderá ser visível no que tange a cotação do real frente ao dólar, servindo como um termômetro para as expectativas de mercado, como já é possível perceber no crescimento de empresas brasileiras demonstrado na divulgação dos últimos resultados e na alta do IBOVESPA.

*Rodrigo Alcântara, economista e assessor de investimentos na Atrio Investimentos

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