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Como investir em private equity de acordo com seu perfil de investidor

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Por Rodrigo Fiszman
Atualização:
Rodrigo Fiszman. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Quando um investidor começa a explorar as oportunidades em investimentos alternativos, como private equity, ao pensar se deve ou não dar este passo, ele deve primeiro conhecer seu perfil de investidor e quais os produtos de investimento alternativo que melhor se adequam a ele.

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Esta avaliação não é apenas importante, mas uma exigência da CVM. A Instrução CVM 539 estabelece que "pessoas habilitadas a atuar como integrantes do sistema de distribuição e os consultores de valores mobiliários não podem recomendar produtos, realizar operações ou prestar serviços sem que verifiquem sua adequação ao perfil do cliente". Só é possível receber uma recomendação de investimento adequada ao seu perfil.

Um investidor conservador é, segundo a Anbima, aquele que "declara possuir baixa tolerância a risco e que prioriza investimentos em Produtos de Investimento com liquidez". É quem está guardando dinheiro para um objetivo de curto prazo ou que tenha alta aversão a perdas. Ele pode aceitar um rendimento menor, mas prefere não ver seu patrimônio reduzido à metade de uma hora para outra.

As recomendações para este perfil são de renda fixa emitidas por instituições seguras, como títulos públicos ou CDBs emitidos por bancos que tenham rating equivalente a grau de investimento. Pelas regras do mercado de capitais, não é recomendável que um investidor conservador aloque seu patrimônio em fundos de investimento mais arriscados ou investimentos alternativos.

É comum a dúvida, então, de que investimentos alternativos como os de private equity não são para este perfil. Entretanto, um alerta: caso haja disposição para aplicação em fundos mais arrojados, ações na bolsa ou em criptomoedas, ele não é conservador. Por isso, é preciso uma autoanálise criteriosa antes de acreditar que essas não são as melhores opções.

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O investidor moderado é definido, como quem "declara média tolerância a risco e busca a preservação de seu capital no longo prazo". A Anbima avalia que, a este perfil, seja recomendado investimentos de risco controlado. Entre os exemplos estão fundos imobiliários e títulos de dívida emitidos por instituições que não tenham rating equivalente ao grau de investimento.

Há oportunidades interessantes no mundo dos investimentos alternativos para estas pessoas: plataformas de investimento coletivo, reguladas pela Instrução 588 da CVM, podem emitir títulos que atendem a este perfil. Um deles são os de dívida pré ou pós fixados, indexados ao CDI ou a outro índice de rentabilidade. Pelas regras atuais, as plataformas podem oferecer esses títulos em ofertas que não podem passar de R$ 5 milhões, e com limite de investimento de até R$ 10 mil por oferta.

Um outro formato aceito são títulos de participação em projetos imobiliários, com rendimento equivalente ao aluguel dos imóveis. É um formato similar ao fundo imobiliário, inclusive na forma de rendimento, tão seguro quanto.

A principal diferença entre esses títulos oferecidos pelas plataformas de investimento coletivo, é a baixa liquidez. Com a evolução do mercado de investimentos alternativos, contudo, a tendência é se formar um mercado secundário de títulos nas próprias plataformas, o que pode injetar liquidez nesses ativos.

Esta possibilidade já vem sendo discutida. A audiência pública SDM 02/2020 sinaliza a potencial autorização para que as plataformas de investimento coletivo possam intermediar negociações secundárias que seriam permitidas apenas entre participantes originais de uma mesma emissão realizada pelas mesmas.

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O perfil arrojado ou ousado, é quem "declara tolerância a risco e aceita potenciais perdas em busca de maiores retornos", geralmente são os que investem em ações. Estamos falando das 3,2 milhões de pessoas que estavam operando na bolsa de valores em dezembro de 2020, de acordo com dados da B3.

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Para este perfil há muitas oportunidades no mercado de investimentos alternativos: cotas de fundos de investimento em participações para os qualificados, investimento direto em empresas de capital fechado ou ainda títulos conversíveis em participações negociados em plataformas de investimento coletivo. Além disso, as oportunidades são normalmente descorrelacionadas e não estão sujeitas à volatilidade comum da Bolsa.

Não são raras as situações de oscilações no mercado, quando a bolsa cai mais de 10% por uma crise macro, por exemplo, que todos ativos listados se desvalorizem. Os motivos desta volatilidade nem sempre alteram os fundamentos de longo prazo das empresas, bem como a percepção de valor sobre as mesmas, mas trazem invariavelmente algum nervosismo para os investidores, que podem tomar decisões precipitadas e liquidar suas posições.

Esse, portanto, é um aspecto negativo de ser uma empresa pública, e é algo que não acontece com empresas privadas. Por isso, entre outros motivos, que alocar recursos em private equity é para investidores de longo prazo, porque se boas escolhas forem feitas, o valor de seus ativos tende a crescer sem serem afetados pelas oscilações de curto prazo do mercado aberto.

*Rodrigo Fiszman, CEO do Grupo Solum

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