A princípio o quadro de doenças, sejam elas crônicas ou não, tem como fator predominante o estilo de vida da pessoa.
Segundo pesquisa, se alguns fatores de risco relacionados ao comportamento fossem mudados, pelo menos 80% de todas doenças cardíacas, diabetes e derrames poderiam ser evitados, assim como, mais de 40% dos casos de câncer e morte.
No entanto todos nós sabemos que comer demais e não se exercitar é um tiro no próprio pé, ingerir sal ou açúcar em quantidade excessiva promove doenças como o colesterol ruim LDL e diabetes.
Então porque nós ainda continuamos agindo de maneira prejudicial à nossa própria saúde?
É isso o que a análise do comportamento humano visa responder e com as respostas quer contribuir para a saúde do futuro!
Como resultado será possível propor mudanças comportamentais mais assertivas para prevenção de doenças e atendimentos personalizados.
A implementação da análise do comportamento humano na área médica promove a condução de resultados reais à saúde das pessoas.
Mas isso requer uma compreensão mais completa e aprofundada da saúde do paciente, incluindo fatores que moldam seu comportamento.
E é aí que os cientistas comportamentais podem ajudar.
Pois a ciência comportamental combina visões da psicologia, antropologia, economia e neurociência para explicar como as pessoas agem sob certas circunstâncias.
À primeira vista, nossas escolhas de comportamento e estilo de vida são influenciadas por fatores individuais, ambientais e sociais.
Estudos demonstram que nós tendemos a optar por ganhos imediatos em vez de recompensas futuras, daí começamos a entender porque comemos um alimento ao invés de outro, isso é chamado no meio científico de desconto temporal.
Segundo o economista comportamental Daniel Kahneman em seu livro Thinking, Fast an Slow (Pensando, rápido e lento), diz que as pessoas pensam e tomam decisões com base em dois sistemas:
- Sistema 1: que é rápido, instintivo e emocional
- Sistema 2: que é lento, mais deliberado e racional
Kahneman afirma que 98% do nosso pensamento é proveniente do sistema 1.
Devido à irracionalidade de tal sistema, por prezar a rapidez pode levar a "lacunas de intenção da realidade" relata Jason Riis, cientista-chefe do comportamento da Behavioralize que estudou com Kahneman.
Essas lacunas formam percepções errôneas do mundo, criando inconsistências entre o que acreditamos e o que é real.
E isso pode estar por trás dos comportamentos prejudiciais à saúde das pessoas, por isso a análise do comportamento humano é fundamental para o avanço da saúde do futuro.
Pois com as informações sobre o que leva as pessoas a agirem de tal modo, os profissionais da saúde podem intervir atacando a causa e não o problema.
Portanto, ao invés de tratar a doença quando ela surge, os profissionais farão um trabalho de prevenção ajudando o paciente a alterar comportamentos que levariam a ter tais doenças.
Além disso, contar com a tecnologia como aliada deste novo cenário é fundamental, pois com a Inteligência Artificial (IA) os cuidados de saúde ganham mobilidade e acessibilidade, permitindo dar a solução certa na hora certa.
Os dados obtidos da IA juntamente com a análise comportamental fornecem um leque maior de informações do paciente, incluindo seus hábitos. Dessa forma, se torna possível fazer um atendimento personalizado e em tempo real.
Certamente a análise do comportamento humano é o próximo passo, necessário, para o avanço da saúde do futuro, aliada a novas tecnologias é possível prevenir diversas doenças, evitando o sofrimento das pessoas.
*Isabela Abreu é CEO da RedFox