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Comissão da Verdade denuncia manobra da ditadura contra Nobel a d. Hélder Câmara

Dossiê de 229 páginas, que será apresentado na sexta, 29, aponta perseguição do governo militar para impedir premiação a religioso que se insurgiu contra os porões

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Foto do author Fausto Macedo
Por Julia Affonso e Fausto Macedo
Atualização:

 

1968, Dom Hélder Câmara, arcebispo emérito de Olinda e Recife. Foto: Arquivo/Estadão

A Comissão da Verdade de Pernambuco apresentará na sexta-feira, 18, no Recife, um dossiê com documentos inéditos que, segundo o colegiado, comprovam perseguição a d. Helder Câmara durante a ditadura militar. D. Helder Câmara foi grande defensor dos direitos humanos no regime dos generais que se prolongou de 1964 a 1985. Durante longos anos ele agiu destemidamente ao lado de militantes que foram alvo da polícia política e atirado aos porões.

"História que merece esta divulgação menos pela importância maior ou menor que se atribua ao Prêmio Nobel da Paz - visto por Dom Helder na sua exata dimensão - que pela revelação de um campo em que a ditadura também atuou, desrespeitando os direitos humanos mais elementares e a própria história da diplomacia brasileira", afirma Fernando Coelho, coordenador da Comissão.

 Foto: Arquivo/Estadão

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Nascido no Ceará, em 1909, d. Hélder foi um dos criadores da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), tendo como modelo de Igreja a que age primeiramente pelos pobres. Dizia que servir ao próximo era a melhor maneira de servir a Deus. Morreu em agosto de 1999, no Recife, aos 90 anos.

O dossiê de 229 páginas é intitulado Caderno Especial "Prêmio Nobel da Paz: A atuação da Ditadura Militar Brasileira contra a indicação de Dom Helder Câmara". O trabalho é resultado de uma das relatorias temáticas da Comissão da Verdade de Pernambuco que investiga as "Violações de Direitos Humanos nos Meios Religiosos".

"Na sistematização de informações que visam demonstrar os abusos praticados pelo regime ditatorial, neste setor da sociedade, destaca-se a relevância de Dom Helder Câmara na sua luta permanente e ecumênica contra as torturas, mortes e desaparecimentos forçados promovidos pela perseguição política. Passamos então a escrever sobre uma lacuna da resistência democrática no Brasil e com isso mostrar a importância do direito à memória e à verdade na medida que fatos e documentos passam a ser de domínio público e permitem novos e importantes estudos sobre o tema", explica o relator Manoel Moraes.

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