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Combate à desinformação requer boas práticas e tecnologia

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Por Roberto Gallo
Atualização:
Roberto Gallo. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

O compartilhamento de mensagens falsas via redes sociais, seja por textos, vídeos ou áudios, tem contribuído não só para a disseminação de desinformação, mas também para a realização de fraudes virtuais, assédio a crianças e vulneráveis e até mesmo para o cometimento de crimes.

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Embora não seja uma prática recente, pois já foi empregada várias vezes como estratégia de operações psicológicas de guerra (PsyOp), as campanhas de desinformação em massa ganharam destaque nas eleições presidenciais de 2016 nos Estados Unidos. Para se ter uma ideia do seu poder de influenciação, basta lembrar que durante as eleições americanas daquele ano as fake news e os boatos derivados delas pautaram inclusive a agenda dos grandes veículos de imprensa, tornando-se os assuntos mais falados por toda a mídia, nacional e internacional.

De lá para cá essa atividade cresceu exponencialmente e se tornou uma verdadeira "epidemia", que desafia diariamente empresas, governos, órgãos da Justiça e a sociedade civil como um todo. Em particular porque, combater ou desfazer uma mentira de forma completa consome muito mais tempo e energia do que a dita mentira.

Uma das características fundamentais da desinformação é que, além de influenciar as emoções, o raciocínio objetivo e o comportamento de indivíduos, grupos, organizações e governos, ela tende a ser mais poderosa quando não se tem motivos para desconfiar da fonte ou de quem a propagou. Se a origem parece confiável, a sua efetividade é maior, e se mais pessoas falam a mesma coisa, mais verossímil ela parece ser. Trata-se do conhecido efeito de validação social.

Diversos grupos perceberam que as mídias sociais são rápidas na propagação de informações e têm capacidade muito grande de influenciar as pessoas. E o fato de qualquer pessoa poder postar qualquer coisa fez com que a grande mídia, tradicionalmente com mais credibilidade, não consiga acompanhar a velocidade das redes sociais. Além disso, a métrica que era importante para a mídia tradicional, ou seja, o número de assinantes pagos, se transformou em cliques, porque a receita proveniente de propaganda hoje é pautada pela interação com o usuário.

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Essa mudança de lógica fez com que a qualidade média da informação piorasse drasticamente. Hoje assistimos campanhas de desinformação sendo lançadas a todo momento e isso gera comunalidade com crimes, em que essencialmente quem está por trás de uma fraude ou de uma campanha de desinformação, por exemplo, busque uma identidade falsa, mas que seja percebida como autêntica, para que seus golpes sejam bem-sucedidos.

O enfrentamento à desinformação, às fraudes e aos crimes digitais, sem dúvida, é um desafio. Por isso, além de esforços para adoção de um código de práticas de combate à desinformação por parte das mídias sociais, a aposta tem que estar na tecnologia. Na Kryptus, por exemplo, este é um tema de pesquisa e desenvolvimento importante e ativo -- as novas tecnologias devem chegar ao mercado ainda este ano. É um primeiro passo.

*Roberto Gallo é CEO da Kryptus

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