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Combate à criminalidade exige políticas públicas estruturadas

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Por Dario Elias Nassif
Atualização:
Dario Elias Nassif. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

As recentes imagens publicadas na imprensa, em que dois policiais militares são vítimas de diversos crimes em um baile funk após perseguição a dois indivíduos, na Brasilândia, mostram a triste realidade do enfrentamento da criminalidade. Os bailes funks, definidos por alguns como manifestação cultural, sem generalizar, viraram ambiente fértil para o tráfico de entorpecentes, exploração sexual e diversos outros crimes, inclusive envolvendo menores.

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Não é correto imputar à comunidades carentes qualquer estigma, mas é urgente e necessário enfrentarmos a situação com políticas públicas sérias e eficientes. Não se trata de um problema exclusivamente de segurança pública. Mas há muito a contribuir, especialmente com investigações qualificadas, função da Polícia Civil, no combate aos crimes ali cometidos.

A atuação do policiamento é muito cobrada, em especial quanto ao barulho excessivo que se observa nos bailes, verdadeiro tormento para os moradores ao redor. Impede até mesmo o justo descanso do trabalhador que acordará cedo no dia seguinte.

Muitas leis que não alcançam seu objetivo são produzidas, enquanto a atuação do Estado é extremamente falha. Aplicar multas ou atuar de forma ostensiva em um ambiente tão hostil não são soluções para esse grande problema. É preciso educar, buscar investimentos para criação de emprego e renda, criar mecanismos de fomento cultural, melhorar a infraestrutura nas comunidades e, claro, combater fortemente o crime organizado que domina os bailes. São medidas que a sociedade clama.

A atuação da segurança pública é apenas a 'ponta do iceberg'. Não há como se omitir. Temos que enfrentar esse desafio com inteligência policial, equipamentos adequados e investigação qualificada. Infelizmente, a crise pela qual passam as polícias de São Paulo, mal remuneradas, com baixíssimo efetivo e desestimulados por falsas promessas de políticos, só pioram a situação. Enquanto heróis sacrificarem suas vidas para o bem comum, há esperança.

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Mas o limite dos servidores policiais em São Paulo já foi ultrapassado há muito tempo. Reconhecimento não se dá com propagandas e imagens de uma polícia que não existe na prática. A realidade é outra. E é nosso papel mostrá-la e seguir honrando nosso compromisso de trabalho pelo próximo, se necessário com o sacrifício da própria vida.

*Dario Elias Nassif, delegado de Polícia e secretário-geral da Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP)

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