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Citado em inquérito, consultor diz não ter ligação com cartel

Fausto MacedoFernando Gallo

Por Mateus Coutinho
Atualização:

Ligado historicamente aos tucanos, o advogado e consultor José Amaro Pinto Ramos carrega na pequena pasta de mão uma certidão da Justiça da Suíça que o exclui de envolvimento com importantes personagens do cartel de trens. "Nada consta", informa o documento, emitido a 19 de setembro pela Corte de Berna.

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"Eu nunca fui indiciado", afirma Amaro Ramos, de 77 anos, amigo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e de Sérgio Motta - já falecido, ex-poderoso ministro das Comunicações de FHC , funcionário seu na extinta Sociedade Civil de Planejamento (Sociplan), nos idos de 1967. Amizades que lhe renderam o rótulo de "amigo dos tucanos".

À reportagem do Estado, ele falou sobre suas atividades e as relações com o engenheiro e também consultor Arthur Teixeira, alvo da Polícia Federal e do Ministério Público suíço.

Teixeira foi enquadrado criminalmente pela PF por lavagem de dinheiro, corrupção, crime financeiro e formação de cartel. Na Suíça, ele foi indiciado porque teria repassado propina da multinacional francesa Alstom para a conta Milmar, em Zurique, do engenheiro João Roberto Zaniboni, ex-diretor de manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).

Amaro revela ter feito negócios "até 1998" com Arthur Teixeira, a quem a PF atribui o papel de lobista do cartel que teria operado no sistema metroferroviário em São Paulo por 10 anos, até 2008 - governos do PSDB Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin.

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O advogado é citado no inquérito do cartel, mas não indiciado. Na investigação sobre suposto pagamento de propinas a políticos e ex-dirigentes do Metrô e da CPTM, a PF chegou a pedir o bloqueio de valores da Epcint Assessoria Técnica, controlada por Amaro, mas a medida foi rejeitada pela Justiça Federal. "Não existem elementos suficientes da prática de condutas criminosas por parte de Amaro Ramos, seria despropositada a decretação de sequestro de seus bens", advertiu o juiz Marcelo Costenaro Cavali, da 6.ª Vara Criminal Federal em São Paulo.

ESTADO: Em que circunstâncias o sr. foi citado na Suíça?

JOSÉ AMARO PINTO RAMOS: Nunca fui indiciado. Nós sabíamos que havia um trabalho sendo feito pelo Ministério Público suíço em relação a atividades da Alstom em vários países. Eu tenho um advogado na Suiça, meu consultor inclusive, porque tivemos problemas de créditos bancários que tiveram que ser arbitrados, a Suíça é um centro de arbitragem. Esse advogado foi ao Ministério Publico suíço fazer uma pergunta. Ele se apresentou, e disseram: nós temos perguntas para o sr. Ramos. Isso em meados de 2011. Só que não podemos fazer agora porque estamos acabando o caso Alstom. Pensei: se ele quer fazer perguntas para mim e quer esperar o fim do caso Alstom, não deve ser sobre o caso Alstom. Acaba o caso Alstom e eles anunciam em setembro de 2011, se não me engano, o fim (da investigação) na Suíça. Aí sai o julgamento. Ela é condenada por ações de corrupção em três países, Malásia, Tunísia e Lituânia. E nada sobre o Brasil. Me deram um questionário com uma série de perguntas. Todas eram razoáveis, inclusive. Nenhuma delas envolvendo corrupção.

ESTADO: Mas era sobre contas?

AMARO RAMOS: Não, não, não. Sobre eventos ligados a documentos da Alstom que ele (promotor) encontrou. Nós respondemos e ele simplesmente declarou formalmente que não foi encontrado nenhum ato delituoso da minha parte e ele então arquivou o processo. Não dá prosseguimento. Morreu. Deve ter sido no começo deste ano.

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ESTADO: O sr. fez um acordo, depositou valores para o caso ser arquivado?

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AMARO RAMOS: Não. Tenho guardada comigo a certidão (mostra cópia do documento o 'nada consta' de registros criminais). Isso significa que se eu tivesse tido alguma condenação, apareceria. Significa que sou primário. Não tenho nada. É mais do que 'nada consta'. É 'até agora nada consta'. Não tem, para trás, ate agora. pAra mim, nesse momento, isso acabou.

ESTADO: Mas por que foi aberta a investigação?

AMARO RAMOS: Não foi, aí é que está. Essa é a parte interessante. O promotor esta dizendo que não compreende porque o lado brasileiro... Eu entrei em uma investigação... tinha muito mais gente. Todo papel com o nome de gente, eles investigaram. A meu respeito eles queriam saber o seguinte: que vinculação a minha empresa Epcint tinha com o sr. Arthur Teixeira. Essa foi a pergunta dele (promotor). Mas essa é a única pergunta que ele manda fazer nesse negócio de 2011. E a resposta a isso é que o sr. Arthur Teixeira nunca pertenceu à Epcint, nunca foi sócio da Epcint.

ESTADO: Como o sr. o conheceu?

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AMARO RAMOS: Ele era um dos diretores industriais mais importantes do Brasil, na Mecânica Pesada. Ele se aposenta em 1985 e cria uma empresa e essa empresa dele nós usávamos, no tempo do Banco Francês de Comercio Exterior, como um consultor, para verificação de processos industriais ocorridos nos créditos compradores. Então, por exemplo, se eu tenho que verificar se uma coisa foi realizada, ele fazia. O Sérgio Teixeira (ex-sócio da Constech, também de consultor) chega mais tarde, ele fica na Mecânica Pesada até mais tarde e só sai quando vai sair o projeto de Itaipu. O Arthur vai a vários clientes nossas dar uma olhada física.

ESTADO: O Ministério Público da Suíça enviou ao Brasil um documento no qual diz que Arthur Teixeira era seu sócio na Epcint. O sr. nunca foi sócio dele ou de Sérgio Teixeira (consultor, que morreu em 2011)?

AMARO RAMOS: Nunca. Eu o conheci muito bem. Eram pessoas muito agradáveis. Mas sócios não.

ESTADO: Como se conheceram?

AMARO RAMOS: Nas negociações de operações. (Arthur Teixeira) é um extraordinário engenheiro. Eu acabei passando um pouco mais para o lado da engenharia pela natureza da minha atividade financeira. Nós dependíamos da realização dos contratos. É diferente do empréstimo. O empréstimo eu lhe dou dinheiro, se o sr. torra ou não, é seu problema, vai ter que me pagar. Mas quando dou um credito comprador, tem que sair um produto, porque esse crédito é um crédito subsidiado pelo governo francês. Se eu produzo, tem que ser fabricado. Então eu tenho que acompanhar, o banco tem que saber. O banco, no Brasil, não tinha ninguém, tinha nós. O banco francês de comercio exterior aqui tinha um delegado e uma secretária. Com as vezes milhões de dólares de crédito para acompanhar. Essa era a nossa tarefa, isso foi o que eu fiz. Aí começam a aparecer as lendas. "(Amaro Ramos) está em todos os negócios (no Brasil)". Tô! Tudo que é negocio financiado com empréstimo do banco Frances de comercio exterior eu estou. Com as empresas e seus concorrentes. A Alstom e os concorrentes dela. Não estou trabalhando para uma empresa. Estou trabalhando para um banco que emprestou para um comprador que usou o dinheiro para pagar essas empresas.

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ESTADO: Em qual período?

AMARO RAMOS: 1974 a 1998. Começou a morrer para mim em 96. Vai acabar em 98. Em 98 eu começo a negociar com um cliente que era meu cliente por causa do banco um contrato de exclusividade. E a minha empresa se torna agente exclusivo, nós não tínhamos agência. Eu não ia visitar os clientes do banco. A minha tarefa não era essa. Eu não ia no Metr, na CMTC, na CBTU. Eu não ia nessas empresas, não tinha o que fazer nelas. A ultima empresa que visitei com frequência no Estado de São Paulo era a Fepasa que tinha um contencioso gigantesco com o banco. Mas eu não tinha relação. Depois que larguei essa área, esse meu cliente único - que hoje não é único, eu tenho dois - eu não vou visitar os clientes dele. Eu não vou ver. Não entro nos ministérios. Hoje eu tenho uma atividade, nós acompanhamos muito a geopolítica da região do Atlântico Sul. Sou obrigado a acompanhar profissionalmente a situação da Africa Ocidental, a costa brasileira, o problema da fronteira. Avaliação de risco, potencialidades, etc, etc. Por que vou a Paris duas vezes por mês, as vezes ate mais? Porque são analises feitas, consequências, ações, e meu cliente age. Ele procura os clientes dele, não sou eu. Esse é o trabalho que a gente faz.

ESTADO: Como surgiu esse rótulo 'amigos dos tucanos'?

AMARO RAMOS: Foi na época de um jantar na posse do Bill Clinton (presidente dos Estados Unidos), onde estavam o Fernando (Henrique Cardoso), uma série de pessoas. Em 1967 eu abri uma empresa para fazer dois tipos de coisas. Estudos de viabilidade e estudos de planejamento urbano. Era uma época em que os municípios só recebiam verbas federais se tivessem um plano de desenvolvimento. Nessa empresa, pequena, eu contratei o Sérgio Motta como engenheiro-chefe da empresa. Ele era o cabeça. Eu era sócio e tinha mais dois sócios que não participavam da empresa. Os sócios queriam ter resultado. As empresas só vivem com o próprio dinheiro. Não rendia. Pagava os nossos salários e só. Rompi com os sócios, fui embora e o Sérgio saiu com a equipe dele. A empresa quebrou depois.

ESTADO: Sérgio Motta não foi sócio?

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AMARO RAMOS: Não. Ele foi funcionário. Essa empresa se chamava Sociplan. Sociedade Civil de Planejamento. O Sérgio saiu e a minha vida também muda. Nesse momento eu começo a me interessar sobre os financiamentos que já tinha aprendido e entro no Banco Francês de Comércio Exterior (BFCE). Aí cada um de nós tomou caminhos diferentes.

ESTADO: O que é a Epcint?

AMARO RAMOS: A Epcint eu criei para esse fim de acompanhamento dos sócios fundamentais. Era eu e eu mesmo. Por muito tempo fui sócio único. Depois não tem alguém mais. Só o Gerson que era meu enteado.

ESTADO: O objeto da Epcint?

AMARO RAMOS: Fazemos os estudos das viabilidades dos projetos que o BFCE queria financiar. E depois o acompanhamento.

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ESTADO: A PF pediu o bloqueio de bens da Epcint, indeferido pela Justiça. Como o sr. vê isso?

AMARO RAMOS: Com muita preocupação. Não vou fazer comentários sobre a função do delegado, compete a ele investigar o processo. Mas por enquanto, nesse caso, não vou dizer nada. No momento em que eu possa dizer alguma coisa, darei a ele as informações. Fui intimado, mas não depus.

ESTADO: O sr. fez negócios com Arthur Teixeira?

AMARO RAMOS: Sim. Nessa época ele recebia por tarefas realizadas por nós.

ESTADO: Em qual período?

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AMARO RAMOS: Teoricamente podia ser de 1987 a 1996, 1997. Mas infelizmente não é, porque não teve negócios nesse período. Vai aparecer de 1994 a 1998 mais ou menos.

ESTADO: E ele entrava como consultor do setor de trens?

AMARO RAMOS: Industrial de uma maneira geral. Não só ferroviário. Qualquer coisa que aparecesse e o banco estivesse financiando. Mas quando os americanos conseguem mudar os títulos de créditos franceses nós não tínhamos mais vantagem. Desapareceram as vantagens de oferecer créditos porque estávamos todos em condições de igualdade. Americanos, alemães, todo mundo oferecia crédito. Então a nossa mercadoria teve muito peso até 1996. Depois...

ESTADO: Em que projetos o sr. e Arthur Teixeira trabalharam juntos?

AMARO RAMOS: Estamos falando de créditos compradores outorgados ou sinistros. Operações que estão penduradas e precisam ser corrigidas. Essa operação da Mafersa, que só vai ser retomada em 1998. E os componentes franceses de uma operação feita com a Espanha. Os franceses fornecem pedaço de um trem espanhol. Cuidado que têm vários trens espanhóis nas ferrovias aí. E tem o famoso trem espanhol que foi importado diretamente pelo Mário Covas, mas que na verdade foi uma venda direta da Renfe para o governo do Estado de São Paulo. E tem um trem vendido em 1994 e 1995 e entregue em 2000, 2001, se não me engano.

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ESTADO: Sobre a Mafersa...

AMARO RAMOS: Foi um contrato da compra de 22 trens, o trabalho nosso foi conseguir esse crédito. Ela permitiu que o downpayment fosse feito e pago. Mas aí a operação ficou suspensa. Válida, em vigor, mas suspensa. Porque os contratos dependem de ordem de serviço. Então, não foi dada a ordem de serviço, ele ficou no ar. Foi retomado em 1998 e deve ter sido completado em 2000, 2001.

ESTADO: O sr. é amigo do ex-governador José Serra?

AMARO RAMOS: Eu conheço o Serra.

ESTADO: Tem contrato da Epcint para fornecimento ao Ministério da Saúde na gestão Serra?

AMARO RAMOS: Nem dele nem de ninguém do governo.

ESTADO: Tem algum contrato com a Siemens?

AMARO RAMOS: Não.

ESTADO: Tem contrato com alguma empresa citada pela Siemens como praticante de cartel?

AMARO RAMOS: Não.

ESTADO: Sua relação foi com a Alstom?

AMARO RAMOS: Apenas com empresas francesas que forneciam. A Alstom é uma delas. Tem várias sub fornecedoras da Alstom que estão dentro. São clientes do banco do mesmo jeito. Não necessariamente do setor de trens e metrô. São empresas do setor elétrico. Um trem de metrô, na realidade, é um gigantesco material elétrico, eletrônico carregado por uma plataforma. O que liga essas empresas todas entre si? É o setor elétrico.

ESTADO: O sr. fez alguma intermediação com projetos do governo federal?

AMARO RAMOS: Não. Em nenhum momento. Nenhum. Como funcionavam os créditos compradores? O Estado ou a federação compravam alguma coisa. A outorga depende de aval. A interlocução maior nossa era na Fazenda, no Planejamento, no Senado porque isso tinha que ser aprovado pelo Senado.

ESTADO: O sr. conhece Everton Rheinheimer, delator do caso Siemens?

AMARO RAMOS: Não.

ESTADO: A PF cita as empresas GHT Consulting, Vanlight Corporation, Ditrick International, Bendly SA, Dardone Company, Klansman Overseas e Dashlink International. Alguma é do sr.?

AMARO RAMOS: Nada, nada, nada. E O Ministério Público Suíço sabe de quem são.

ESTADO: Teve um embate do ex-ministro Sergio Motta com o ex-prefeito Paulo Maluf em que Maluf disse que o sr. mandava no tucanato. O sr, confirma?

AMARO RAMOS: Eu nunca entendi aquilo. O Paulo não podia ignorar que eu tinha uma relação com o Sérgio. Quando essa empresa... é feito um estudo para poder aprovar a viabilidade da estrada que ia ser construída para Jacupiranga. E o Sergio era o engenheiro desse estudo lá atrás. E o Paulo sabia disso. Isso lá nos anos 60. A única coisa que posso explicar é essa vinculação dele comigo.

ESTADO: Fale sobre sua relação com os tucanos.

AMARO RAMOS: O Fernando (Henrique Cardoso) eu não vejo há vinte e tantos anos. Na posse do Clinton tinha várias delegações que estavam sentadas próximas umas das outras e nos estávamos assistindo lá, um frio danado. Havia franceses, americanos e brasileiros e nós jantamos juntos. Foi um jantar.

ESTADO: Esse é o jantar em que estava o Fernando Henrique e um ex-diretor da Alstom?

AMARO RAMOS: O famoso jantar. O Fernando não era nada nessa época. Acho que era senador. Isso foi em 1992. ESTADO: O sr. foi à posse do Clinton acompanhando FHC?

AMARO RAMOS: Não, não! Eu fui por razões pessoais. Aí é outra intriga que aparece recorrentemente. O Ron Brown. Eu fui investigado por relações com o Ron Brown. Se vocês procurarem o Wall Street Journal, que fazia oposição ao Clinton, vocês vão ver que eles não podem me deixar, por razoes sérias de jornalismo, de dizer que não foi verificado nada de impróprio no meu comportamento. Mas aqui a imprensa esqueceu de dizer isso.

ESTADO: O sr. chegou a ser indiciado por lavagem de dinheiro na Suíça?

AMARO RAMOS: Não. Eu fui investigado. Mas não indiciado formalmente. Como no caso do Brown. Não fui indiciado. O Wall Street Journal faz questão de afirmar que nada de impróprio foi encontrado.

ESTADO: O que ocorreu com Ron Brown?

AMARO RAMOS: O Ron tinha uma companheira chamada Lilian Madison que era uma cidadã francesa e haitiana Eu tinha uma relação com o Ron muito pessoal e antiga. Eu o conheci por meio do reverendo Jesse Jackson, que era um velho amigo. O Jesse sempre foi um extraordinário orador e foi candidato naquela campanha, perdeu as primárias contra o Michael Dukakis. E o Ron era o chefe da campanha. A força do reverendo era tão grande que o acordo feito para que ele desistisse dessa briga foi de que ele se tornasse presidente do partido Democrata. Durante a presidência é que ele encaminha a candidatura Clinton. E nós fomos à posse por causa do Ron. E estávamos todos na arquibancada dos estrangeiros. Naquela noite ia haver uma festa que eu não fui, mas marcamos o jantar e jantamos juntos. Mas a moça, ela como cidadã francesa, o BFCE tinha, nessa época, uma agencia em Nova York, e então eu a apresento na agência e ela consegue uma hipoteca. Com essa hipoteca ela consegue dar uma entrada. Essa investigação foi arquivada. Outro dia disseram que eu tinha interesses no Vietnã!

ESTADO: O sr. teve como sócios na Epcint a HHC, empresa do Panamá, e a Rio Tranquilo, empresa do Uruguai. O que elas fazem?

AMARO RAMOS: Eu só tenho um sócio, a Rio Tranquilo. La para trás tinha uma outra atividade, achávamos que íamos entrar no setor imobiliário. Achei um sócio para fazer isso. Mas nós fizemos uma operação só. Com a Rio Tranquilo temos um projeto novo, um projeto meu. Mas não tem nada a ver com governo nem nada. A Epcint hoje é uma mera holding. A minha atividade fundamental é uma outra empresa, a Vitrus. A Epcint hoje é uma empresa parada, morta. Quando acabou o setor financeiro para mim eu tinha que pensar em alguma coisa para fazer. Achamos um parceiro que acreditou que o mercado imobiliário brasileiro podia ser... mas taxa de juros, valor do câmbio, variação... ninguém quis. A Epcint hoje é uma empresa morta. Vai ressurgir com esse pequeno negocio que estamos montando.

ESTADO: O sr. diz que tem dois sócios hoje. Quem são?

AMARO RAMOS: São duas empresas francesas.

ESTADO: Um delator do caso Siemens disse que o sr. era o lobista do mercado de trens antes dos Teixeira.

AMARO RAMOS: A palavra lobista é muito usada pela imprensa, infelizmente. A sabedoria do matuto diz que quando jabuti está numa arvore é porque alguém pôs. As pessoas precisam ter uma ideia do que é uma transação de bens de capital sob encomenda. As coisas não andam sozinhas. Não existe um roteiro previamente estabelecido de como o negocio se faz. Não há um curso natural. Primeiro precisa pensar o que é um trem de metrô, um bólido. Esses elementos todos, o cliente não estava organizado para isso. A gente via no banco. O cliente estava organizado para comprar. Olhava, via o preço, e comprava. Vamos ser justos, o Metrô de São Paulo é uma máquina administrativa extremamente eficiente. A gente pode se orgulhar disso. O resto das empresas brasileiras de transporte de massa talvez sejam melhores no futuro. O acompanhamento é uma tarefa cotidiana. Eu fisicamente não, mas tinha um bando de gente. Em momentos áureos dos créditos compradores brasileiros, eu tinha 40 funcionários. Eram as secretarias, os engenheiros.

Certidão do Tribunal da Suíça mostra 'nada consta' com relação a José Amaro Pinto Ramos Foto: Estadão
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