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Chegou mais um, e agora?

Por Anthony Augusto Carmona
Atualização:
Anthony Augusto Carmona. FOTO: DIVULGAÇÃO Foto: Estadão

Toda vez que um novo paciente com sintomas da covid-19 chega ao hospital é isso que nos perguntamos: e agora? Nosso maior problema é tratar de uma doença totalmente desconhecida. É assim no Brasil ou em qualquer parte do planeta. Mesmo países acostumados a fornecer dados e protocolos como referência para o resto do mundo não conseguem oferecer segurança ou garantias quando se referem à covid-19.

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A Medicina, por mais que não seja uma ciência exata, trabalha com modelos estatísticos, evidências, estudos controlados com diferentes fases e testagens. Temos um caso que, apesar de não ser inédito (são vários os exemplos de pandemias que já assolaram o mundo ao longo da história), deixa todos com mais perguntas do que respostas. Temos apenas certeza do alto poder de contágio da doença e da maior vulnerabilidade de alguns grupos dentro da população.

Brigamos com o tempo, sempre tentando antever o problema. Precisamos evitar que muitos contraiam a doença ao mesmo tempo para não sobrecarregar o nosso já frágil sistema de saúde. Lembrando que mesmo países com melhor preparo e maior número disponível de leitos hospitalares de alta complexidade não conseguiram evitar altas taxas de mortalidade.

O que precisamos deixar claro é que não precisamos apenas de um número X de ventiladores. Soma-se a isso: fornecimento de oxigênio, aparelhos de monitorização, medicações, equipe treinada (médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, fisioterapeuta e nutricionista) e equipamentos de proteção individual (EPI) para todos esses profissionais, entre outras necessidades. A ideia de que bastaria encher os hospitais com ventiladores e seríamos então capazes de salvar milhares de vidas é totalmente equivocada. O desafio é muito maior do que se pensa.

Mesmo os profissionais de saúde mais especializados estão à frente de um problema totalmente inédito. Tivemos que criar soluções, protocolos, modelos assistenciais e fluxos de insumos que antes não existiam. Nenhum sistema estava preparado para o que encontramos e não havia justificativa para estarem. Nenhum hospital gastaria recursos para montar uma estrutura dessa complexidade sem um objetivo específico, apenas esperando o pior.

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E todos têm feito seu melhor. Os profissionais da saúde, por motivos óbvios, são a categoria com maior número de infectados pelo vírus. Mesmo assim, todos os serviços continuaram funcionando. Somos uma categoria que historicamente tem lutado por melhores condições de trabalho e salários mais justos e condizentes com a responsabilidade envolvida em nosso trabalho. Ninguém está falando nisso agora, pois entendemos que temos uma missão a cumprir e que todas essas questões serão tratadas em momento oportuno. Nenhum profissional cruzou os braços.

O saldo positivo desse momento serão as soluções criativas, novas e eficientes que surgiram para salvar mais vidas, mesmo quando tudo parece tão incerto.

*Anthony Augusto Carmona é médico cirurgião-geral e coordenador-médico no Hospital de Campanha do Maracanã, no Rio

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