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Chefe da PRF diz que bloqueios de bolsonaristas têm mesma tática de grupo investigado por atos antidemocráticos em 2021

Citando o inquérito sobre a convocação de atos golpistas às vésperas do 7 de setembro do ano passado, Silvinei Vaques requereu às Superintendências da corporação relatórios detalhados com identificação de todos os veículos, especialmente caminhões, envolvidos em bloqueios de rodovias federais

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Por Pepita Ortega
Atualização:

Caminhoneiros que apoiam Bolsonaro interditaram rodovias após resultado do segundo turno. Foto: Ueslei Marcelino/Reuters

Citando inquérito que apura a organização de manifestações antidemocráticas no dia da Independência em 2021, o diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal Silvinei Vaques requereu às Superintendências da corporação nos Estados e no Distrito Federal relatórios detalhados com identificação de todos os veículos, especialmente caminhões, envolvidos em bloqueios de rodovias federais. As interdições são realizadas por apoiadores do presidente Jair Bolsonaro após a vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas urnas.

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No cabeçalho do documento, o assunto listado é o inquérito 4879, que tramita em sigilo na Corte máxima e teve entre seus principais alvos o caminhoneiro Zé Trovão. O chefe da PRF diz que o modus operandi identificado na investigação citada é semelhante à dos atos antidemocráticos registrados após a proclamação do resultado das eleições deste ano, com a derrota de Bolsonaro.

O inquérito em questão foi aberto a pedido da Procuradoria-Geral da República para investigar 'ilícita incitação da população, por meio das redes sociais, a praticar atos criminosos, violentos e atentatórios ao Estado Democrático de Direito e às suas instituições' no feriado de 7 de Setembro de 2021. À época, a Procuradoria apontou que o objetivo do 'levante' incluía 'invadir o prédio do Supremo Tribunal Federal, 'quebrar tudo' e retirar os magistrados dos respectivos cargos 'na marra''.

No bojo da investigação foram cumpridas, ainda em 2021, diligências como: a realização de buscas contra o deputado federal bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ) e o cantor Sérgio Reis e as prisões de Zé Trovão e do blogueiro Wellington Macedo de Souza. Outras medidas decretadas no âmbito do inquérito foram a proibição de os investigados se aproximarem da praça dos três Poderes e o bloqueio de contas e chaves pix ligadas a alvos suspeitos de financiarem os atos antidemocráticos.

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O ofício de Silvinei foi enviado às superintendências da PRF em todo País nesta terça-feira, 1º. O texto foi assinado na manhã de terça-feira, 1º, após a ordem do ministro Alexandre de Moraes para que a corporação e as Polícias Militares tomem 'todas as medidas necessárias e suficientes' para desmobilizar os manifestantes que travam vias em todo o País - despacho confirmado por unanimidade pelo colegiado do STF.

O chefe da PRF cita um pedido do Supremo Tribunal Federal, sem detalhar tal solicitação, e pede que as informações fossem apresentadas até as 18h de terça-feira, 1º, tendo em vista a 'urgência' da demanda. Indicou que os agentes da PRF elaborassem os relatórios ou com dados obtidos por agentes in locou e/ou análise de fontes abertas. Os documentos devem conter as placas e proprietários dos veículos usados nos bloqueios.

Apesar de Silvinei indicar que o relatório dos superintendentes deve citar 'especialmente caminhões', o chefe da PRF já havia apontado ao Supremo que os bloqueios registrados em todo País não se tratam de 'manifestação de caminhoneiros e nem mesmo de uma categoria isolada, mas sim de um grupo de pessoas de classes e idades variadas, unidas por laços ideológicos/políticos específicos'.

O presidente da Associação dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, já repudiou, mais de uma vez, o fechamento de estradas federais e atos intervencionistas pelo País.

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