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Cerveró diz que indicação para BR Distribuidora feita por Lula foi "gratidão"

Delator da Lava Jato confirmou em delação que sua indicação à BR Distribuidora, após a exoneração da Diretoria Internacional da Petrobrás, em 2008, estava ligada ao negócio com o Grupo Schahin

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Por Beatriz Bulla
Atualização:

Lula. Foto: AP

Em delação premiada, o ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró disse ter sido indicado para um cargo na BR Distribuidora pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por "gratidão" e "reconhecimento pela ajuda" na viabilização de uma operação que serviu para quitar um empréstimo do Grupo Schahin ao pecuarista José Carlos Bumlai, que teria como destinatário final o PT.

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Em depoimento à Polícia Federal, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente Lula, já havia admitido que tomou um empréstimo de R$ 12 milhões junto ao Banco Schahin, em 2004, para destinar o dinheiro ao PT. Depois disso, a Petrobrás realizou a contratação do Grupo Schahin para a operação de um navio sonda. A contratação do Grupo Schahin para operar o navio sonda Vitoria 10000 tinha como objetivo quitar o empréstimo do PT perante o Banco Schahin.

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Cerveró confirmou em delação que sua indicação à BR Distribuidora, após a exoneração da Diretoria Internacional da Petrobrás, em 2008, estava ligada ao negócio com o Grupo Schahin. Segundo o delator, havia "um sentimento de gratidão do Partido dos Trabalhadores". A informação foi noticiada pelo Jornal da Globo, da Rede Globo, na noite de ontem.

"Em razão de ter viabilizado a contratação da Schahin como operadora da sonda Vitória 10.000, quando ainda era Diretor Internacional da Petrobras, havia um sentimento de gratidão do Partido dos Trabalhadore para com o declarante; Que essa contratação objetivava a quitação de um empréstimo do PT, perante o Banco Schahin, garantido por José Carlos Bumlai; que, como reconhecimento da ajuda do declarante nessa situação, o Presidente da República Luís Inácio Lula da Silva decidiu indicar o declarante para uma diretoria da BR Distribuidora, a Diretoria Financeira e de Serviços", consta no termo de delação premiada de Cerveró.

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O operador Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, também já havia dito em delação premiada que a indicação de Cerveró para a BR Distribuidora havia sido feita em razão da ajuda do ex-diretor na contratação do Grupo Schahin para operação do navio sonda. Baiano já tinha apontado que a questão fora debatida com Lula, segundo os depoimentos tornados públicos em dezembro.

Cerveró relatou ainda, na delação, que Lula "atribuiu" a José Eduardo Dutra, presidente da BR Distribuidora em 2009, "a missão de participar do esvaziamento" da CPI da Petrobras, instalada na ocasião. Cerveró afirmou que Dutra, morto no ano passado, deixou a presidência da subsidiária da estatal para "cumprir a missão", pois tinha facilidade de diálogo no meio político inclusive com a oposição.

O Instituto Lula afirmou que não comenta "vazamentos ilegais, seletivos e parciais de supostas alegações que alimentam um mercado de delações sem provas em troca de benefícios penais".

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