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Possibilidade de réu assumir Presidência é questão ainda pendente, diz Celso de Mello

Ministro decano do Supremo considera importante debate sobre o tema, que deve ser levantado na Justiça Eleitoral

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Por Rafael Moraes Moura e Amanda Pupo/BRASÍLIA
Atualização:

O decano do STF, ministro Celso de Mello. Foto: André Dusek/Estadão

O decano do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Celso de Mello, disse na tarde desta quinta-feira (23) que está em aberto a discussão sobre a possibilidade de um réu em ação penal ser eleito presidente da República e assumir o comando do Palácio do Planalto. Para o ministro, é importante a discussão sobre o tema, que deve ser levantada na Justiça Eleitoral.

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"Essa aí é uma boa pergunta, mas eu não tenho condições de responder, porque certamente é uma questão que vai ser suscitada antes na Justiça Eleitoral", disse Celso de Mello a jornalistas, depois de ser questionado pelo Broadcast Político se um réu em ação penal poderia, em tese, ser eleito presidente da República e assumir a chefia do Poder Executivo federal.

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"Eu tenho a impressão de que (essa questão) é o que nós temos de debater e debater mais", prosseguiu Celso de Mello.

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Na última quarta-feira (22), o ministro Marco Aurélio Mello disse que a questão está "em aberto" e afirmou que a dúvida gera insegurança" para a candidatura de Bolsonaro. O candidato já é réu em duas ações penais no STF por injúria e incitação ao crime de estupro por ter declarado que "não estupraria" a deputada federal Maria do Rosário (PT-RS) "porque ela não mereceria".

A Primeira Turma do STF vai julgar na próxima terça-feira (28) se recebe ou não uma outra denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o candidato do PSL à Presidência, desta vez pelo crime de racismo. O julgamento foi antecipado por Marco Aurélio Mello, a pedido da defesa de Bolsonaro.

Discussão. Ao julgar o afastamento de Renan Calheiros (MDB-AL) do comando do Senado Federal, o STF firmou o entendimento de que réus em ação penal (como os presidentes da Câmara e do Senado) não podem eventualmente substituir o presidente da República.

Já a situação de Bolsonaro traz uma outra discussão: a possibilidade de um candidato - réu em ação penal - ser eleito especificamente para a Presidência da República e assumir o comando do Planalto. Ou seja, não se trataria de eventualmente substituir o presidente da República, e sim de ser eleito já para o cargo e assumi-lo.

Ficha Limpa. Indagado sobre as incertezas em torno de uma eleição presidencial marcada por questões jurídicas, Celso de Mello disse que, quanto à Lei da Ficha Limpa, o STF já entendeu "por maioria expressiva que ela é válida". "Então, essas questões mesmo que sejam renovadas, possivelmente já terão uma definição estabelecida pela própria jurisprudência", comentou o decano, sem citar nomes de candidatos.

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi condenado a 12 anos e um mês de prisão pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do tríplex de Guarujá - com base nessa condenação, o petista está enquadrado na Lei da Ficha Limpa.

Debates. Conhecido pelos hábitos noturnos, trabalhando madrugada adentro, Celso de Mello ainda disse a jornalistas que, na medida do possível, vai acompanhar os debates televisivos dos candidatos à Presidência da República. A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Rosa Weber, já avisou que pretende fazer o mesmo.

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