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Celso de Mello impõe sigilo em depoimento de Paulo Marinho no inquérito Moro contra Bolsonaro

Decano acolheu pedido da Polícia Federal e colocou sigilo geral nos depoimentos do empresário e do chefe de gabinete de Flávio Bolsonaro; oitivas serão conduzidas nesta terça, 26 e quarta, 27

Por Paulo Roberto Netto
Atualização:

O ministro Celso de Mello, do Supremo Tribunal Federal, colocou sob sigilo os depoimentos do empresário Paulo Marinho e do chefe de gabinete do senador Flávio Bolsonaro, Miguel Ângelo Braga Grillo, no inquérito que apura acusações do ex-ministro Sérgio Moro de 'interferências políticas' do presidente Jair Bolsonaro na Polícia Federal.

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O sigilo também engloba todos os 'demais atos policiais que se sucederem em decorrência dos já mencionados depoimentos testemunhais'. A determinação de Celso permite apenas ao Ministério Público Federal acessar os depoimentos e também 'eventuais diligências' da PF que ocorrerem após as oitivas. Os documentos deverão ser autuados em separado dos autos do inquérito 4831 - Moro contra Bolsonaro - com expressa referência de sigilo.

As oitivas serão realizadas nesta terça, 26, e quarta, 27, no Rio de Janeiro e em Brasília. Marinho será o primeiro a depor. O empresário e ex-aliado de Bolsonaro é pivô de investigação sobre suposto vazamento de informações da Operação Furna da Onça, que levou à produção do relatório do Coaf que detectou movimentações suspeitas do ex-assessor Fabrício Queiroz. O caso foi revelado pelo Estadão.

Em entrevista à Folha de S. Paulo, Marinho revelou que um delegado simpatizante de Bolsonaro teria repassado a dica para demitir Queiroz e sua filha antes da deflagração da operação - e disse que iria 'adiar' a ação para depois do segundo turno das eleições de 2018.

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O empresário já foi ouvido pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal no inquérito da PF Rio sobre o vazamento. Agora, prestará depoimento no caso Moro contra Bolsonaro após intimação da Procuradoria-Geral da República. O caso quer apurar ligações entre as revelações do Marinho e as acusações de Moro sobre as tentativas de Bolsonaro em trocar o comando da Polícia Federal do Rio.

Paulo Marinho, na Polícia Federal. Foto: Wilton Júnior / Estadão

As reclamações de Bolsonaro se tornaram públicas na sexta, 22, após o decano divulgar a gravação da reunião ministerial do dia 22 de abril. Entre palavrões e ameaças, as imagens mostram o presidente cobrando mudanças no governo e fazendo pressão sobre Moro e os demais auxiliares sob a alegação de que não vai esperar 'foder a minha família toda'.

"Mas é a putaria o tempo todo pra me atingir, mexendo com a minha família. Já tentei trocar gente da segurança nossa no Rio de Janeiro, oficialmente, e não consegui! E isso acabou. Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu (sic), porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira", disse Bolsonaro.

A versão do Planalto é que Bolsonaro, neste momento, se referia à sua segurança pessoal, a cargo do Gabinete de Segurança Institucional, comandado pelo ministro Augusto Heleno. Em despacho, a PF cobrou provas do ministro palaciano para sustentar as reclamações do presidente.

Moro, por sua vez, acusa o presidente de ameaçar demiti-lo caso não aceitasse a saída de Maurício Valeixo da direção-geral da PF e a substituição do comando da corporação no Rio de Janeiro, foco de interesse da família presidencial.

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